Parábolas Divinas/Parábola sobre a Voz do Coração
Parábola
sobre a Voz do Coração
Disse Jesus:
“Não olhes com desdém a este homem,
pois grande é a façanha daquele
que começou a transformar
o mal dentro de si em bem!”
Das recordações do Apóstolo André
Havia um homem que não era pobre nem rico e não se distinguia muito de outras pessoas que viviam a sua ao redor. Não era jovem, nem velho.
Era uma alma fraca. E ainda que tivesse dentro de si as sementes do bem, estas não germinavam.
Esse homem viveu como todos que o rodeavam. Estava governado por seus caprichos e imperfeições e encadeado por seus medos e fraquezas. E não se sentiu bem. Sua vida se passava em cores cinzentas, sem alegria e sem sucessos.
Cada dia esse homem pensava: “Amanhã farei melhor, amanhã resistirei às minhas fraquezas e imperfeições!”
Mas chegava “a manhã” e como sempre seus caprichos e imperfeições governavam sobre ele e seus medos e fraquezas o encadeavam.
Um dia pensou: “Por que não posso viver como quero? Por que não ajo como devo agir? Por que estou sendo governado por minhas imperfeições e encadeado por meus medos?”
Começou a refletir e não encontrou nenhuma razão para que não pudesse viver como achava que era justo e agir como sabia que era o correto.
Então começou a perguntar a Deus:
“Meu Pai e Criador! Por que não posso viver da maneira como quero e agir como considero o correto? Por que me converti em um escravo de meus caprichos, imperfeições, medos e fraquezas? Qual é a razão?”
Deus lhe respondeu:
“Não há nenhuma razão para isto! Tens direito de agir como quiseres!”
“Então aconselha-me que devo fazer para que meus imperfeições e fraquezas deixem de governar em minha vida?”
“Antes de agir ou dizer algo, escuta a voz de teu coração espiritual e faz como este te dirá! Então superarás tuas fraquezas e medos e te libertarás de tuas imperfeições e caprichos!”
O homem decidiu cumprir este conselho de Deus.
No dia seguinte se levantou com firme resolução de pedir conselho de seu coração espiritual antes de agir ou falar.
Cada manhã seu velho pai dizia-lhe palavras pouco amáveis, o repreendia e resmungava. Dizia que esse filho não servia para nada e que toda a geração dos filhos dos homens vivia erradamente. Também enumerava todas suas ofensas e dores e culpava seu filho por tudo que o fazia de mal ou que não fazia.
Como sempre pela manhã, o pai começou a resmungar com seu filho, dizendo-lhe palavras amargas.
O homem ficou encolerizado por estas ofensas e injurias. Estava a ponto de responder ao pai da maneira habitual com palavras mordazes, mas se lembrou do conselho de Deus.
O coração teve tempo para sussurrar: “Detém as palavras ofensivas e raivosas, pois teu pai te ama e se aflige com teus problemas! E tu também o amas! Detém a indignação e pede-lhe perdão!”
Então em resposta às injúrias do pai, o homem se inclinou ante ele e lhe disse: “Perdoa-me!” E a raiva se apagou. O homem abraçou seu pai e se foi para fazer o que tinha que fazer.
Seu pai ficou maravilhado e deixou de xingá-lo a partir disso.
Na tarde, quando este homem voltava para casa depois do trabalho árduo, comprou bastante comida e pensou como comeria todas essas gulodices. Pois ele era inclinado à gula.
Pelo caminho, visitou a uma jovem viúva que vivia com seus filhos. Essa mulher lhe devia dinheiro, mas ainda não havia podido juntar o suficiente.
Fazia muito tempo que o homem queria lhe dizer que já lhe perdoara a dívida. E decidiu que lhe diria finalmente. Chegou à casa da pobre viúva e lhe disse que lhe perdoaria a dívida. A viúva se inclinou em frente a ele, agradecendo. O homem já estava indo, mas o coração lhe sussurrou: “Deixa a comida que compraste para ti para as crianças; isto os fará felizes!”
O homem a duras penas conseguiu cumprir este conselho do coração. Mas quando ofertou as guloseimas aos meninos, que começaram a dançar de alegria, então nele também surgiu uma alegria enorme! Caminhou rapidamente até sua casa extremamente feliz, sem sentir seus pés! E o coração em seu peito parecia que cantava uma canção!
* * *
O homem não conseguia sempre escutar a voz do coração e não sempre cumpria o que este lhe sussurrava. Mas dia após dia tratava de viver como o coração lhe aconselhava e dia após dia seus caprichos e imperfeições o governavam menos e seus medos e fraquezas o encadeavam menos. As sementes de amor cordial começaram a brotar na alma!
Uma vez o homem estava caminhando e viu que muitas pessoas fortes e malvadas espancavam a um bom rapaz. E as pessoas que passavam por perto tratavam de seguir apressadas, olhando para o lado, iam-se sem intervir, para não se converterem também em vítimas.
Nosso homem não era muito valente. Também quis passar de lado, como se fosse um assunto alheio. Mas o coração já não sussurrava, senão gritava: “Se não ajudares, matarão ao bom homem! Mas tu podes salvá-lo!”
Nosso herói estava muito assustado e não tinha forças para superar seu medo. Não podia ir-se, nem ajudar.
E seu coração não se calava: “Salva-o rápido!”
Então este homem começou a clamar a Deus, porque não conseguia vencer o medo. E o fez não em seu interior, mas sim a plena voz gritou: “Deus! Vem cá! Deus! Vem cá!”
As pessoas que passavam perto se detiveram de surpresa. E as que estavam distante também se aproximaram. De todos os lados começou a chegar gente para ver que estava acontecendo e que Deus tinha a ver com isso. E foi juntando tanta gente que assustaram os malfeitores, deixaram o jovem e fugiram apressadamente.
O jovem se levantou e agradeceu ao homem, dizendo: “És tão corajoso! Salvaste a minha vida!”
O homem retomou seu caminho para casa. E seu coração no peito brilhava como o sol e dizia: “O amor é mais forte que todos os medos!”
O tempo passava e a vida de nosso homem se fazia cada vez mais alegre e feliz.
Num dia de domingo ele foi passear e se encontrou com a viúva, a que ele havia perdoado a dívida. Ela lhe sorriu e se inclinou em frente e ele.
O homem se embelezou olhando a sua beleza. Pois a ele lhe interessavam muito as mulheres, ainda que considerasse sua luxúria sexual como um grande pecado.
Então começou a lhe dar as costas para não vê-la, mas se lembrou do coração e pediu seu conselho.
O coração lhe disse:
“Olha mais detidamente, com atenção cordial e pergunta a ti mesmo se amas a esta mulher.”
O homem olhou e tudo dentro dele se incendiou de amor.
Disse ao coração:
“Não existe uma melhor que ela! Tudo lhe daria!”
“Então, por que te afliges? Não é uma lascívia quando queres dar ao outro em vez de receber para si! É o amor que despertou dentro de ti! Vai e diz a ela que a amas!”
E assim o homem fez. Chegou perto dela e disse: “Te amo, casa comigo!”
Todos os conhecidos dele e seus vizinhos começaram a dizer: “Que tolo! Agora que começou a ter sucesso nos negócios poderia conseguir uma noiva rica, mas se casa com uma viúva com filhos que não se negaria a ele se não se casassem.”
Mas o homem não dava ouvidos àquelas críticas e escutava a canção de seu coração: “Darás felicidade, felicidade receberás! Com dinheiro nunca comprarás isto!”
Seu coração ardia com amor cada vez mais forte e transformava suas palavras e atos!
Logo o homem se casou com a viúva. Seu amor recíproco começou a iluminar sua vida inteira e a aquecer sua casa! Começaram a educar as crianças juntos e a respeitar aos pais.
O homem agradecia a Deus: “Meu Pai e Criador! Teu conselho transformou a minha vida e me trouxe felicidade! Venci minhas imperfeições e caprichos e superei minhas fraquezas e medos!”
E Deus lhe respondeu: “O que aprendeu a escutar a voz do coração espiritual pode fazer ainda mais que isso, porque a voz do coração é a voz do amor! E tudo o que se faz e se cria com amor vem de Mim! Porque Eu sou o AMOR!”