Parábolas sobre o Stárietz Zósima/Parábola acerca da Humildade e da Vida Monástica Parábola acerca da Humildade e da Vida Monástica"… Em humildade de espírito, que cada um considere o outro melhor do que a si mesmo." Filipenses 2:3 “Se a desgraça caiu sobre ti, alegra-te, pois se for injusta, a tua recompensa será grande; e se for justa, então, tendo aprendido com isso, poderás evitar a retribuição.” Dos “Preceitos Ascéticos” de Nilo do Sinai. “Os de mente humilde nunca têm pressa ou confusão; nem pensamentos apaixonados e superficiais; apenas permanecem em paz. Não há nada que os possa deixar maravilhados, confusos, aterrorizados…. Pelo contrário, todas as suas alegrias estão naquilo que agrada ao Senhor. Quando tocam com a sua fronte no chão e dirigem a visão do coração para o Santíssimo dos Santos, … eles ousam rezar somente assim: «Senhor, o que quer que me aconteça, que aconteça por Tua Vontade!” De “Os Preceitos Espirituais” de Isaac da Síria. Num pequeno mosteiro, situado numa cidade provinciana à margem de um grande rio, vivia o ancião Zósima. Com o apoio de Deus, ajudou pessoas por muitos anos, e inúmeras curas milagrosas foram realizadas por Deus através daquele ancião. Muitas outras coisas também aconteceram graças ao seu trabalho, embora, muitas vezes, as pessoas não as considerassem como sinais milagrosos. Aqueles que conversavam com o ancião obtinham fé, esperança e amor, e aprendiam a viver conscientemente, e em harmonia com a Providência de Deus. O ancião tinha um discípulo, o noviço Nicolau. * * * Certa vez, Nicolau perguntou ao ancião: — Zósima, por que decidiu tornar-se monge? Alguma vez sonhou ter uma família e filhos? Ou, sonhou apenas com Deus, desde sempre?” — Não, não desde sempre. Tudo aconteceu na minha vida… “Sim, sonhei com crianças. Mas Deus fez com que todos os Seus filhos se tornassem meus filhos, e assim tive a oportunidade de me importar não apenas com os meus próprios filhos. “Há pessoas que vivem na Mãe Terra como órfãs, sem sentir Deus-Pai! Vivem na sua solidão e pedem a Deus, a quem consideram um 'Juiz Terrível e Incognoscível', que seja misericordioso para com elas! Não percebem Aquele com quem estão a tentar falar. Não sentem o Seu Grande Amor e não Lhe retribuem o seu amor! “Parece que as pessoas se esqueceram das oportunidades maravilhosas que lhes foram dadas por Deus! Esqueceram-se de como ver, ouvir e entender o seu Pai Celestial! Esqueceram-se de como fazer os milagres de Deus… “Porque é que as pessoas vivem como se Deus não existisse? Porque é que mergulham num inferno enquanto vivem na Terra, nos seus corpos? “Isso acontece porque perderam a pureza das almas! E para retornar a essa pureza, devem desejá-la primeiro!…” * * * Nesse momento, um jovem noviço chegou à cela do ancião Zósima. Benzeu-se, curvou-se em reverência até ao chão e desejou boa saúde a Zósima e Nicolau. Depois, perguntou: — Como posso aprender a ouvir a Voz de Deus? — Responde-lhe, Nicolau, e eu ouvirei. A história do monge doente, curado por Nicolau, aumentou muito o respeito das outras pessoas por ele. E muitos estavam prontos para ouvi-lo, embora ele ainda não tivesse aceitado a condição de monge. Nicolau começou: — Para ouvir a Voz de Deus, devemos aprender a permanecer no silêncio do coração espiritual; isto é, no silêncio da mente submersa na expansão do coração espiritual. Neste estado, do coração aberto pelo amor interior, e repleto de calor e tranquilidade, compreendemos o Senhor! Podemos pedir a Jesus que venha aos nossos corações espirituais purificados, e abertos, para Ele. “Inicialmente, um coração espiritual fica limitado ao volume do peito do corpo. Mas isso só acontece no princípio, enquanto o amor da alma ainda não aprendeu a expandir-se, e a unir-se, com o ilimitável Amor de Deus! “O Coração de Deus é infinito! Ele contém tudo e todos, abraçando-nos com o Seu Amor! “Para começar, inspire e expire lentamente várias vezes. Sinta esse espaço no seu peito, que se enche de ar. Esse é o lugar onde se situa o coração espiritual. “Tente enviar amor a todas as criaturas de Deus a partir desse centro, em todas as direções. — Como assim? Ouvi dizer que o amor pode levar ao pecado! — Isso não é amor, mas luxúria! O verdadeiro amor é uma escada que nos leva ao céu! O amor é a lâmpada da alma que nos permite distinguir o caminho certo entre as trevas e o mal! “Além disso, não devemos considerar como luxúria o desejo que surge num homem para com uma mulher ou numa mulher para com um homem. Esse desejo destina-se a ensinar as almas a amar e a cuidar umas das outras! Para as pessoas que vivem no mundo secular, este é um ótimo meio para ajudá-las a desenvolver a sua capacidade de amar! “Somente a vida vivida de acordo com os próprios desejos inferiores deve ser chamada de luxúria! E não importa se um homem desejou a esposa de outra pessoa, comida pecaminosa por causa da sua gula, ou aquilo que outra pessoa não lhe pode dar. “O amor, ao contrário da luxúria, é quando se pensa, se quer e faz o bem aos outros mas não a si mesmo… “Podes aprender a olhar para a frente a partir do teu coração espiritual, por forma a que a visão da alma acaricie gentilmente tudo o que vês, como se fosse um raio de sol! “E também podes aprender a olhar para trás a partir do teu coração espiritual, para aquele espaço onde é sempre possível ver Deus. “Quando começares a ver a Luz que não é deste mundo, com os olhos do coração, vem ver-me a mim, ou Zósima. Ensinar-te-emos o que fazer a seguir. Naquele momento, viram pela janela como um cadáver era transportado para o templo para um serviço fúnebre. O jovem noviço perguntou ao ancião: — Zósima, pode, como Jesus, trazer essa pessoa de volta à vida? — Não, não posso. Deus não precisa prolongar a vida desse homem naquele corpo esgotado. “Recorda-te de que Jesus não curou a todos e não devolveu todos os mortos à vida na Terra. O propósito da Sua obra não era fazer caminhar os paralíticos, nem os cegos verem! Tão pouco trabalhou para devolver as almas, que já estavam entregues à morte, aos seus corpos! Se Ele apenas tivesse curado os enfermos, as pessoas não O teriam recordado por milhares de anos. O Poder de Deus foi revelado através de Jesus, para que pudéssemos compreender os Ensinamentos de Deus e aprender a viver de acordo com esses Ensinamentos! “Cada um de nós é uma alma que não morre com a morte do corpo! Esta alma pode aprender a viver em Unidade com Deus, durante a sua vida no corpo. “Ali está um cadáver deitado num caixão. É o mesmo que durante a sua vida: tem braços, pernas, cabeça e coração… Mas não está vivo! É assim porque Deus retirou a alma vivente que existia nele! “Assim, pela Vontade de Deus, a alma é unida e separada do seu corpo. “Desse modo, aquilo que uma pessoa pode realizar é importante enquanto Deus enche o seu corpo de vida. Isso depende da direção para a qual viramos as nossas forças e pensamentos. “Tu, por exemplo, queres tornar-te num monge. Esse desejo é louvável! Mas o que é um monge? É uma pessoa que vive face a face com Deus e que tudo faz para Ele! “Queres ouvir as palavras e conselhos de Deus. É bom! É importante! A forma mais fácil de o fazer é começando por ouvir a voz da consciência. “A consciência é a manifestação da Voz de Deus em nós — a primeira manifestação. E graças a uma atitude atenta para com ela, a Voz de Deus pode tornar-se-nos bastante clara. “Se tentarmos ignorar as dores da consciência, não prestarmos atenção aos problemas que nos são colocados, e agirmos contra a consciência por causa dos nossos próprios interesses, essa sua voz calma cessa, gradualmente. E então, a alma deixa de perceber que problemas devem ser resolvidos. Assim, uma pessoa pode cair no abismo dos pecados, e viver sem consciência, sem Deus! Tal pessoa é chamada de inconsciente. “Se, pelo contrário, ouvirmos a voz da consciência atentamente, e tentarmos nos comportar por forma a não termos nada a censurar-nos, então, em pouco tempo, poderemos ouvir a Voz de Deus, que está sempre pronta para dar-nos conselhos! “Aprende a observar, com atenção, como vives diante de Deus! Tenta manter a pureza da alma e tudo se tornará fácil: poderás sentir o teu coração espiritual e depois Deus! * * * Quando Zósima e Nicolau ficaram a sós, prosseguiram a conversa acerca da vida monástica. Falavam, amiúde, sobre isso, porém voltaram a abordá-la: — Agora deves fazer uma escolha que nem todos têm a possibilidade de fazer. O conhecimento e as habilidades que já reúnes só são adquiridos por outros depois de vários anos de vida monástica. Tu, pelo contrário, já aprendeste muito: podes sentir a Vontade de Deus e ouvir o Conselho de Deus. Agora, podes começar a fazer no mundo secular o que aprendeste comigo. Permanecerás monge diante de Deus, e poderás falar livremente sobre Ele às pessoas. “Em breve deixarei este lugar, e será difícil para ti ficar aqui: a tua vida pode tomar diferentes rumos…” “Está a testar-me novamente? A minha decisão é firme: não quero voltar a uma vida mundana. E a austeridade monástica reduzirá o orgulho em mim, e dar-me-á mais humildade…” Zósima fez silêncio, como se olhasse com a visão interna para o caminho por onde passara… Recordou como fora perseguido e humilhado, acusado de ser atraído por maquinações diabólicas, porque podia… ouvir Deus! No entanto, mediante essas dificuldades, uniu-se, com mais força, à Vontade de Deus… Não havia contado tudo isto a Nicolau. Este último adivinhou-o, mas não pediu esclarecimentos. Em vez disso, perguntou uma outra coisa: — Posso agora perguntar por que não administra este mosteiro? Poderia mudar muitas das regras monásticas… E por que não ensina a outros monges o que me ensinou a mim? “Essas são boas perguntas. Parece-me que no futuro tu mesmo serás responsável por todos neste mosteiro… “Quanto à tua segunda pergunta, preciso explicar-te que para ensinar algo a alguém, no campo espiritual, são necessários os desejos de ambas as partes: de quem ensina e de quem aprende. “Às vezes acontece que uma pessoa vai até a um mosteiro e é lá aceite. Devido a esse mero fato, tal pessoa começa a acreditar que se aproximou da santidade. Parece, a essa pessoa, que evitar as tentações de uma vida mundana é um grande feito em si mesmo… “Muitas vezes, essa pessoa pensa que dali em diante o prior será responsável por ela diante de Deus, que o prior a edificará e lhe dará a absolvição dos pecados, e que a vida num mosteiro, por si só, a aproximará de Deus.… Mas tal não é verdade! É possível viver-se num mosteiro tal como no mundo secular, acorrentado pelas paixões! “Só a própria pessoa se pode transformar! É ela quem deve limpar a alma dos vícios! Deus apenas permite que se acerquem Dele pessoas que vivem assim! Mesmo que lhe esteja próximo um mestre cheio de santidade, esse mestre não será capaz de purificar o discípulo que não se purifica a si mesmo! “A tarefa do professor, que pode ver melhor as falhas da alma, consiste apenas em explicar o que é o vício e como corrigi-lo." — Tem razão. Muitas vezes também confio mais em si do que em mim mesmo, ou em Deus. Parece-me que posso bem cometer erros ao interpretar a Vontade de Deus… — … Também pensas que nunca me engano e que posso salvar-te de todos os teus erros…” — acrescentou Zósima, e riram-se em uníssono. Mais uma vez, o ancião regozijou-se interiormente com a capacidade de Nicolau escutar atentamente cada uma das suas palavras. Também se sentia feliz porque, através dessas palavras, o seu discípulo não só tinha chegado à compreensão dos problemas das outras pessoas, como também detetava, em si mesmo, os mais pequenos vestígios de pensamento erróneo. “Não foi em vão que Deus o conduziu até mim! Não foi em vão que o ensinei! Talvez ele realmente consiga realizar o verdadeiro e grande serviço! Talvez, mais tarde, todo o mosteiro esteja sob a sua orientação…” E continuaram a sua conversa: — Muitas pessoas acreditam que se o pecado de alguém é absolvido por um padre, então, desaparece. Porém, isso não é verdade. E é importante que aprendas a explicá-lo às pessoas! “O defeito da alma desaparecerá completamente somente quando cada ato pecaminoso, provocado por esse defeito, se tornar repulsivo para essa alma! Por outras palavras, nessa altura, a pessoa deixará de querer fazer esse tipo de coisas indecentes e não o conseguirá mais! Só então estará livre desse vício ou defeito! “Entre os nossos irmãos há aqueles que puderam dominar o silêncio interior com a ajuda do Senhor. Eles começaram por aprender o amor do coração. Mas nem todos compreenderam que só isso é necessário, que só o coração espiritual, aberto a Deus, permite viver uma vida verdadeiramente monástica! Só o coração cheio de amor nos permite limpar as almas e fazer tudo a serviço de Deus!” Nicolau escutou atentamente e disse em seguida: — Ainda assim, nem sempre consigo dominar a minha mente… Às vezes condeno o que é mau. Ainda tenho perguntas sem resposta. Quando vejo o mal e ouço palavras maldosas, a rejeição aumenta dentro de mim! — Ver e entender que algo é mau não é pecado de condenação! Se não puderes ver o mal em alguém não poderás ajudar! ” — Sim, eu entendo isso, mas ainda não consigo discernir isso totalmente. “Na minha juventude, via apenas o lado bom das pessoas, e muitas vezes estava errado sobre elas e era traído pelos meus melhores amigos… Depois disso, e contrariamente, passei a ver apenas o mal nas pessoas, a sua sujidade. E então veio o desespero, até perder a fé… “Agora estou a aprender a ver todos como o senhor os vê. Ou seja, procuro não condenar, mas buscar a luz em cada alma, mesmo que brilhe pouco, e apelar para essa luz, e não para as trevas dos vícios que tentam extingui-la. — Sim, é exatamente isso que precisas de fazer. É essencial ver todos os vícios e problemas da alma, mas também encontrar aquela luz que ainda brilha nela. Se apelarmos para o melhor em alguém — então há uma chance de que essa pessoa sinta que a Mão de Deus, está-lhe sempre estendida! E se essa pessoa sente a Presença de Deus e segura a Sua Mão, então poderá começar a sair do abismo dos vícios. Claro, isto só será possível se essa pessoa for capaz de entender o significado deste trabalho de transformação da alma. — Entendo tudo isso mentalmente. Mas, às vezes, não deixo de condenar os outros… Por exemplo, quando eles dizem palavras injustas sobre o senhor… “Ainda ontem o nosso prior ligou-lhe novamente… Ele provavelmente o repreendeu e humilhou de todas as formas possíveis, como sempre faz! Por que ouve as suas acusações, como se fossem justas? O senhor nunca se opõe à calúnia dita contra si! Deus fala através de si e os milagres acontecem através de si, glorificando este mosteiro, mas o senhor, ao que parece, nem tem o direito de se opor? “Não julgues alguém precocemente quando não sabes tudo sobre uma pessoa… “É fácil ver os defeitos daquela pessoa que está exposta à vista de todos e que se comprometeu a administrar os demais… “Compreende, Nicholas, nada acontece a ninguém que não seja necessário para Deus! Só chegam às nossas vidas os eventos através dos quais nos podemos tornar mais sábios e puros, ou através dos quais os nossos vizinhos podem perceber algo importante! “Mesmo quando uma pessoa é injustamente censurada e não é culpada, através disso, os outros podem ver as suas próprias falhas! “Mas tal só acontece quando uma alma justa está em estado de paz e gentileza, semelhante à superfície lisa de um lago em clima calmo. “Pelo contrário, quando alguém tenta objetar e provar que está certo, nada além da discussão resultará. E há pouco benefício num debate porque os interlocutores ouvem-se sempre e apenas a si mesmos, e tentam provar apenas a sua própria opinião. Mesmo que mantenhas as objeções dentro de ti sem dizeres uma palavra, até neste caso, esse estado interior impedir-te-á de ajudares outra pessoa. “É necessário olhar para todas as situações com calma profunda e junto com Deus! Desta calma profunda surgem as palavras que são propostas por Deus, e que podem ser ditas em voz alta. “Além disso, somente a partir da calma que existe nas profundezas do teu coração espiritual expandido, podes perceber Deus claramente e comunicares-te facilmente com Ele, assim como veres distintamente a diferença entre o bem e o mal! “… No entanto, às vezes não há sequer motivo para conversar com uma pessoa irracional, cheia de vícios: as palavras não produzirão nenhuma mudança nela… Isso significa que o tempo de entender ainda não chegou a essa pessoa… não é possível ajudar toda a gente neste preciso momento… “O nosso prior é um homem bom: é forte e persistente. Nós fomos amigos próximos durante muito tempo, sonhávamos com uma vida pura diante de Deus e com realizações espirituais… Depois os nossos destinos separaram-se. Quando aqui cheguei, ele já era um chefe de alto escalão do mosteiro e já havia feito muito aqui. Eu, por outro lado, era perseguido por todos… e não tinha nada além de Deus no meu coração… — Então, provavelmente, ele aceitou-o aqui por causa dos milagres que fazia, para trazer glória ao mosteiro?" — Acho que não, na altura ele não sabia disso. Eu já sabia que Deus poderia manifestar o Seu Poder através de mim, mas ele não sabia disso, e apesar de tudo ajudou-me… “Inácio não é invejoso! Ainda assim, as coias terrenas seguram-no com força e não o deixam ir em direção à Liberdade de Deus. É uma pena porque ele podia ter conseguido muito, já que o seu poder de alma é grande!… “Quando alguém se eleva muito acima dos outros não é fácil começar a perceber-se como 'pequeno' e começar a aprender! Não é fácil para tal pessoa substituir completamente a sua própria vontade pela Vontade de Deus! Não é fácil negar tudo o que há de perecível em si mesmo! “Para uma pessoa que aspira a viver para Deus, também é difícil tornar humilde o orgulho, e tornar-se num instrumento da Providência de Deus! * * * Zósima fez um longo silêncio. Lembrou-se do que o unira, na sua juventude, a Inácio: os seus sonhos elevados, o seu desejo de servir a Deus… Também se recordou de como viera, muitos anos depois, para o mosteiro. Deus disse-lhe, então: “Este é o lugar onde irás viver e trabalhar para a Glória de Deus, até aos últimos dias do teu corpo. Aqui poderás fazer muitas coisas boas!” Inácio, na altura, olhou-o como se fosse um miserável que não conseguira realizar nada na vida…. Começou a contar a Zósima sobre os seus planos e assuntos importantes… Ele não mandou embora o miserável, antes permitiu que ele morasse no mosteiro… Foi bom, embora a partir desse momento Zósima se visse obrigado a fazer muitas coisas quase inúteis durante todo o dia, ou até mesmo a trabalhar nalguma coisa completamente desprovida de sentido… Durante esse tempo passou por inúmeras lições de paciência e humildade, e aprendeu a estar em União com Deus, não obstante o que o seu corpo estivesse a fazer. Recebeu muitos benefícios desses testes de humildade e paciência. Zósima lembrou-se de como, mais tarde, Inácio viu pela primeira vez o Poder de Deus manifestado através de Zósima. Naquela época, um menino cego fora curado. Deus fê-lo para que todos vissem. Inácio percebeu o que havia acontecido e empalidecera… Depois, conversaram em particular: — Desde quando consegues fazer isto, Zósima? — Aconteceu pela primeira vez há muito tempo, há cerca de dez anos… Nessa altura, não entendia como tudo aquilo funcionava… Mas, atualmente, conheço a Vontade de Deus, e sigo-A incansavelmente. E Deus pode fazer, através de mim, o que for necessário para a Sua Glória! Sem Ele, não posso fazer nada. Inácio então designou uma cela especial para Zósima e permitiu que ele recebesse pessoas. Também permitiu que ele ignorasse algumas regras do mosteiro. E ele próprio se afastou, retirou-se para si mesmo, pensando: 'Deus não me deu isso…' Ele não se propôs aprender o que podia dominar. Depois, houve um outro momento em que Inácio poderia ter progredido… Zósima recordou-se da esperança que tinha de poder ajudar Inácio a conhecer Deus… Na altura, Inácio ficou muito doente. Estava com dores, mal conseguia ficar de pé ou falar, mas não deixou de rezar a liturgia… Depois disso, os monges levaram-no, em mãos, para a sua câmara. No entanto, ele não chamou Zósima, não lhe pediu ajuda… Zósima, então, veio a si. Inácio estava deitado na sua cama, pálido por causa da dor. No entanto, suprimia os seus gemidos… — É tempo de morrer? — perguntou. — Não, ainda não, Inácio. São só pedras nos rins, a sair. Em breve vai sentir-se melhor. Perdoe-me, Deus não me permite remover completamente a sua dor… “Quando sentir uma dor muito forte, lembre-se de todo o mal que pensou e fez, peça perdão a Deus! Neste caso, junto com essas pedras, tudo o que é sujo e pesado sairá de si! Irá ficar bem! Ainda vai sobreviver a mim! Deus enviou-lhe isto para a purificação da alma!” — Perdoe-me, Zósima! Eu fui injusto consigo… Talvez fosse inveja… Acreditava que só eu era correto e justo diante de Deus… Mas Ele faz milagres através de si, Ele escolheu-o a si… Durante toda aquela semana, Zósima esteve com o prior. Durante esse tempo, Inácio tornou-se mais suave, ouvia com atenção e fazia muito… Porém, logo voltou a mudar. Ele decidira experimentar o Poder de Deus em si mesmo; porém, não havia resultado… Ele tentara uma vez, e outra vez, mas nada aconteceu… E então foi como se uma porta se tivesse fechado… Ele mesmo escolhera aquilo: ele mesmo parou de tentar construir uma nova vida com Deus, desde o início … Parecia que continuava ressentido com a sua incapacidade… Não é fácil deixar que só o amor governe! A mente impede-o! O egoísmo humano impede-o! Apesar de tudo, ele poderia tê-lo feito… * * * Depois de uma pausa, Zósima continuou a conversa: — Inácio ajudou-me muito. Graças à sua ajuda, também pude ajudar outras pessoas. Mas ainda não o pude ajudar muito… “Ele logra um pouco de entendimento a cada conversa que temos… Também permitiu que o ensinasse! E não apenas que ensinasse como ensino outras pessoas, mas para prepará-lo para substituir-me quando eu partir…” — O que é que está a dizer? Quem pode substituí-lo a si?” — Bem, substituindo-me ou não, mas terá que fazer o meu trabalho depois de mim! “Eu disse muitas palavras às pessoas a partir da paz do coração, onde o Criador habita. Mas agora, estar em silêncio é-me mais apropriado, do que falar. “Às vezes, devem-se ouvir primeiro as palavras para perceber o que é o Amor de Deus, e como experimentar o Seu Grande Silêncio e a Sua Presença nele. “E deve aprender a falar de tal maneira que o Silêncio do Criador, nosso Deus-Pai, se torne aparente por detrás das suas palavras. Agora, quer fale ou esteja em silêncio, deve aprender a transmitir a Presença de Deus àquela pessoa que veio até si para pedir conselhos e ajuda. “Frequentemente lemos e escutamos que Jesus Vivo e Ressuscitado está agora entre nós, e que o Pai Celestial é Onipresente, Onipotente e Onisciente! Mas enquanto a alma não tiver experimentado isso por si mesma, enquanto o Amor de Deus não tocar o coração, essas palavras permanecerão apenas palavras, repetidas inúmeras vezes em orações, ou em sermões vazios… “A forma como faz silêncio, como fala, como ouve, é importante! Tudo isso determina se a Presença de Deus chegará ou não ao coração espiritual da pessoa com quem está a falar, se a porta do santuário mais íntimo da alma será aberta ou não! Agora é a sua vez de dar ajuda espiritual às pessoas. Assim, na minha vez, vai ouvir todos que eu lhe indicar. “Vêm tantas pessoas todos os dias… estou cansado… estou cansado do querer humano… “Se eles se derem conta de que não vivemos para nós mesmos, mas para Deus então, talvez, caiam em si. Mas não é fácil explicar isso às pessoas. Quanto já foi dito sobre o amor ao próximo? Zósima suspirou e disse: — Vamos ao jardim… As pessoas ofereceram-me uma muda de cerejeira. Plantemo-la juntos! * * * No dia seguinte, um casal de meia-idade entrou na cela de Zósima. Nicolau sentiu que eles não confiavam nele. Não era de surpreender, pois certamente vinham pedir conselhos a Zósima, e não a um noviço que ninguém conhecia! No entanto, isso não perturbou Zósima em nada. Ele cumprimentou-os gentilmente e disse: — Agora vão falar com ele, e Deus irá dar-vos conselhos através dele." — Mas, como assim? Nós viemos até si…” — Não até mim, até Deus!" O Silêncio de Deus caiu sobre todos eles. A paz suave e transparente abraçou-os e preencheu-os por dentro. Nicolau não conseguia descobrir se ele poderia criar esse estado de Deus sozinho ou se foi Zósima quem ajudou a tornar a Presença de Deus tão palpável. Talvez tivesse sido o próprio Deus Quem manifestara a Sua Ajuda… Os visitantes começaram a contar a sua história: — Viemos aqui para perguntar a Deus sobre um bebê. Temos orado por muitos anos, mas sem nenhum resultado. Ainda não temos filhos. Na Bíblia, há histórias em que Deus permitiu que pessoas na velhice dessem à luz um filho… Mas talvez não sejamos dignos dessa graça. Como podemos encontrar essa graça? O que devemos fazer para a merecer?” Nicolau sentiu imediatamente o que deveria dizer em resposta. Escolheu as suas palavras por um momento, e disse: — Porque é que necessariamente querem ter um filho próprio? Muitas crianças já nasceram; vivem em orfanatos, e não têm os cuidados de seus pais. “Adotem aí uma criança e criem-na. Desse modo, receberão felicidade e a criança encontrará pais atenciosos! ” — Pensámos nisso também… Mas e se deixarmos de amar uma criança que não é nossa? E se o seu caráter for difícil e não pudermos lidar com isso? ” — Não acontece também com os próprios filhos? Não é verdade que há pais que não conseguem lidar com a criação dos seus próprios filhos? — Pensámos que o Senhor podia ajudar-nos." Nesse momento Zósima entrou na conversa: — Deus realmente ajuda, mas apenas quando ouvem o Seu conselho! Serão capazes de aceitar a Sua Ajuda com humildade? Serão capazes de ajudar uma outra pessoa? “A cem milhas da vossa propriedade, há um orfanato. Uma menina, Tanya, de doze anos mora ali. Ela é magra e um pouco doente. Mas quando for morar convosco, ficará mais forte, graças ao ar livre! Essa menina poderia ter nascido por vossa via mas, na altura, não queriam filhos. Agora ela é órfã e vocês estão sozinhos… No entanto, é fácil resolver esta situação. Ela pode se tornar-se vossa filha… — Talvez devêssemos adotar uma criança pequena para que não venha a saber que foi adotada. Sonhamos tanto… — Vieram pedir conselho e a ajuda de Deus… “Agora pensem, e decidam por vós mesmos, o que fazer a seguir. “Muitas pessoas dispõem-se a adotar crianças pequenas. Mas se adotarem a Tanya, isso pode mudar muito o destino dela! Também pode mudar muito as vossas vidas! Tudo começará de novo… E no que diz respeito a cuidados, cuidarão de netos… Zósima sorriu de maneira especial. Fez isso quando Deus permitiu que olhasse para um belo futuro: — Na verdade, receberão o milagre que tanto pediram a Deus! Poderão fazê-lo de acordo com a Sua Vontade! Agora, podem ir… O casal curvou-se em reverência e foi embora. Lá fora, a mulher calmamente perguntou ao marido: — Vamos já buscar a Tanya? Nicolau não sabia se tinha escutado aquelas palavras, ou se simplesmente entendia o que estava a acontecer nas almas. Mas, a alegria e ternura inundaram-no! — Funcionou? — perguntou ele ao ancião Zósima. Este sorriu gentilmente: — Não o entendes por ti mesmo?" — Sim, entendi. Porém, ainda não o faço como o senhor. Até tê-la mencionado, eu ainda não tinha visto a garota… — Não te preocupes! Aprenderás a penetrar profundamente em todas as situações, com a ajuda de Deus! * * * Nicolau nem sempre conseguia sentir Deus quando as pessoas lhe dirigiam as suas perguntas e preocupações. Mas tudo se tornava fácil quando estava perto do ancião Zózima. E, quando Nicolau estava sozinho, e as pessoas vinham até ele com as suas tristezas, sentia que toda a responsabilidade lhe cabia apenas a si, e às vezes nada acontecia! Então, depois de alguns fracassos sérios, disse a Zósima: — É claro que ainda não estou pronto! Não me obrigue a fazer uma coisa para a qual ainda não estou pronto… Zósima não se opôs. Foi difícil para Nicolau! Sentiu-se indigno, não sabia o que fazer e sofria… Um dia, Zósima entregou-lhe um caderno grosso com páginas amarelecidas pelo tempo: — Toma. Não escrevi sermões e não escrevi tudo o que ouvi de Deus. Nunca pensei que poderia ser útil a alguém… Ainda assim é alguma coisa. Talvez te sirva. Nicolau aceitou o caderno com reverência, agradeceu a Zósima e foi para a sua cela. Abriu o caderno ao acaso e leu: “Desânimo significa a ausência de Deus na sua vida. “Se estiver desanimado, isso significa que o seu amor por Deus arrefeceu, e que o seu amor ao próximo também diminuiu. “Se mantiver Deus no seu coração, se o seu coração gerar amor, luz e calor a cada segundo, então a tristeza não tem como surgir. Nicolau leu estas palavras e elas queimaram-no! Considerava que já estava firmemente estabelecido no campo da espiritualidade, mas descobriu que não. Continuou a ler: “Porque é que surge a fraqueza? Porque a força de vontade tornou-se mais fraca na pessoa. As aspirações anteriores dessa pessoa tornaram-se menos apreciadas por ela. E a razão mais importante pelo que isso acontece é que tal pessoa não vê a necessidade de Deus para o seu trabalho! “Como é que os apóstolos realizaram as suas grandes obras? Eles — pelo Seu amor a Jesus e ao Pai Celestial -, abriram o acesso para que o Poder de Deus fluísse através Deles! E dirigiram esse Poder para aquelas pessoas a quem tentavam ajudar. “Esforçaram-se para deixar às pessoas o conhecimento que haviam recebido de Jesus! “O mundo das pessoas condena, julga e pune… “Deus, ao contrário, não o faz. Ele ama todos os Seus filhos. Ele ama até os que se encontram perdidos. E Ele deseja o bem a todos e está pronto para mostrar-lhes o Caminho para uma vida feliz na Luz! “Esta é a essência do perdão de Deus! Os tribunais humanos deveriam estar na Terra para deter o mal daqueles que são cegos e surdos devido ao seu ódio e outros vícios. “E o que é o 'julgamento de Deus'? É quando, percebendo-nos diante de Deus, vemos as nossas falhas e os nossos destinos futuros… “Aquele que serve a Deus deve dominar o perdão de Deus: o Amor incondicional de Deus, que, como a Luz do Grande Sol, flui igualmente para todos! “Para cada alma humana, enviada por Deus à Terra, existe uma tarefa a realizar. E cumprir essa tarefa constitui-se no grande feito de transformar-se a si mesmo e a1o seu ambiente! “Mesmo que o trabalho confiado por Deus à alma ainda não seja grande, será muito bom se o fizer com alegria! “Tudo bem se, da aspiração para se fazer o bem, começarmos a agir de acordo com a Intenção de Deus! “É importante não apenas dizer palavras de conforto a uma pessoa. Tais palavras são facilmente esquecidas e, então, essa pessoa começará novamente a buscar o conforto de outros… “Além disso, precisamos ver o que seria bom para aquela alma e mostrar-lhe a possibilidade de resolver com alegria e compreensão o problema colocado por Deus! “Por que condena a loucura dos seus irmãos mais novos? “Cada um chegará ao entendimento no seu devido tempo! "Diz-se que 'do amor ao ódio há um passo'. Não é verdade! Aquele que pode odiar o próximo, a quem pensava amar antes, não amou esse próximo de forma alguma! “O amor perdoa as ofensas! “Diz-se: 'Deus ordenou que perseverasse…' “E um estúpido sofrerá e suportará enquanto outros lhe fazem coisas más… “Mas os sábios afastam-se do mal que não podem corrigir e mudar. “Se as suas mãos ficarem sujas de repente, só precisa lavá-las. “Não há necessidade de esperar que a sujidade caia por si só. “E não peça a ajuda de Deus para isso. “Da mesma forma, é preciso manter a alma limpa! “Deve limpar tudo em si através dos seus próprios esforços — incluindo o corpo, a mente e as emoções! E essa limpeza deve manter-se! Sem isso, é impossível perceber o Mais Belo ou, em outras palavras, ouvir e sentir Deus! “Como eliminar em si mesmo a resistência à Vontade de Deus? “A areia permite a passagem da água; a argila não. As propriedades naturais da matéria são diferentes. “Porque é que a matéria do corpo adoece? Normalmente, porque as más propriedades da alma afetam-no. “É preciso transformar as qualidades dessas almas. “E, em seguida, a doença do corpo desaparece, e a alma volta a brilhar com pureza! “Quando a alma não ama, morre, por assim dizer! “Somos capazes de nos erguer do abismo dos pecados, vícios e sofrimentos, e subir, ascender, à vida em pureza e no Amor de Deus! "O silêncio do coração espiritual enche-se das Palavras de Deus e, nessa altura, o entendimento penetra a alma!" Lendo, uma e outra vez, essas notas de Zósima, e lembrando-se de tudo o que já tinha aprendido com ele, Nicolau repetidamente elevava o estado da alma à percepção do Espírito Santo. Ele estava a dominar a União contínua com Deus. * * * O tempo passava, mas Zósima ainda não tinha chamado Nicolau para o ajudar com os visitantes. Naquele dia, Nicolau andava ocupado a cortar lenha para o mosteiro. Adorava esse tipo de trabalho, e era muito agradável ver como o seu corpo robusto e forte empunhava o machado. Inesperadamente, foi chamado ao ancião Zosima, que disse que tinha uma tarefa importante para Nicolau. Na cela do ancião havia um menino de cerca de quinze anos. O seu braço direito estava pendurado como um chicote. Era evidente que viera pedir pela sua cura. Zósima disse a Nicolau: — Aqui está um trabalho para ti: poderás curar Paulo! Nicolau sentiu imediatamente o que deveria fazer. Nem precisou pensar nisso por muito tempo. A Luz do Espírito Santo abraçou-o como a Corrente de um Grande Rio! Ele disse cordialmente ao menino: — Anda, podes vir ajudar-me a cortar lenha para o mosteiro! Parei esse trabalho e corri para cá. O menino respondeu com tristeza: — Sou um mau trabalhador: o meu braço direito está paralisado há muito tempo. não sinto nada… Isso não importa! Nós vamos olhar por ele! Anda! Enquanto caminhavam, Nicolau sentiu clara e fortemente como o Espírito Santo fluía através dos seus corpos. Ele apenas dirigiu levemente aquele Fluxo, que vinha das Profundezas, para a coluna do menino e para o seu braço ferido… Ele observava aqueles Veios da Luz de Deus, unidos como alma com Eles e ouviu, como se de longe, as palavras do menino que lhe dizia estar envergonhado da sua fraqueza, que gostava de uma menina, mas que não podia cortejá-la por causa do seu defeito… Além disso, o que pode um homem fazer numa aldeia, sem um braço?… Quando chegaram a uma pilha de lenha, Paulo, surpreendido, moveu os dedos da mão direita: — Tenho algumas sensações estranhas na minha mão…. Olhe! Os dedos estão a mexer-se!” Nicolau não deu tempo para que continuasse a pensar nisso: — Se se mexem, então, agarre um machado! Ajude-me! Eu já estou exausto! Assim não! Segure com as duas mãos! Com uma mão não fará muito! Trabalharam por uma hora, revezando-se: trabalharam com o machado e depois fizeram uma pilha de lenha. Durante todo esse tempo, a Luz de Deus fluiu através dos seus corpos. — Muito bem, meu amigo! Ajudou-me muito! Fizemos isto rapidamente juntos! Amanhã pode ter alguma dor no seu braço, mas não se preocupe! É porque ficou muito tempo sem trabalhar. Vá tomar um banho para se aquecer! E peça ao ancião Zósima que lhe dê uma pomada medicinal. Dirigiram-se ao templo. O serviço ainda não tinha começado. Estava tudo muito silencioso. — Paulo, dê graças a Deus pela sua cura! — Não conheço muitas orações…. Qual devo usar? — Diga uma com as suas próprias palavras! Não use uma oração! Deus ouve todas as palavras e até mesmo pensamentos! “E lembre-se de que uma vez que Deus restaurou a força do seu braço, deve sempre fazer o bem com ele! Nunca faça o mal! Nicolau estava de pé ao lado do menino e não conseguia encontrar palavras para expressar a sua gratidão a Deus… No caminho de regresso à cela do ancião, encontraram um gatinho. No mosteiro, havia alguns gatos que regularmente traziam uma bela prole. Nicolau tomou este animal gentil e ronronante nos seus braços e disse a Paulo: — Acaricia-lo! Paul tocou gentilmente o pelo macio com a palma do braço recuperado… — É tão bom!… Uma vez, quando era criança, fui obrigado a afogar alguns gatinhos. Eu não queria, chorei, mas apesar de tudo fi-lo. Desde aí, nunca acariciei nenhum gato, sentindo-me culpado diante deles… — Talvez a sua linda garota fique feliz por receber um tal presente. — Sim, claro! Posso? — É claro! Tome! Pelo bem de ambos! * * * Quando a porta da cela se fechou atrás de Paulo, Zósima elogiou Nicolau: — Bom trabalho! E dizias que não o conseguirias! Com Deus tudo é possível! “Mas como determinar onde está o limite das capacidades humanas? A realidade é a seguinte: quando chegas ao limite Deus abre diante de ti novas portas, dando-te novas possibilidades, para novas conquistas. Ele oferece novas tarefas para a alma! “A mente unida ao coração espiritual, e iluminada pelo Amor de Deus, já não pode ser obscurecida por nada! Neste caso, Deus dirige a vontade da pessoa que se dedica inteiramente ao serviço de Deus! E a cada vez surgem as palavras apropriadas que podem ajudar outra alma! E o poder dessas palavras é grande! “Deus enche essas palavras com o Seu Poder, através do teu coração espiritual aberto e expandido!
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