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Conhecimento contemporâneo sobre Deus, sobre a evolução e o significado da vida humana.
Metodologia de desenvolvimento espiritual.

 
 


Avalokiteshvara

Sobre alcancar o Nirvana


Escrito por Anna Zubkova

Editado e traduzido de russo para inglês
por Vladimir Antonov

Traduzido do inglês por
Miguel Ledro Henriques




O Bodhisattva* Avalokiteshvara apresentou-Se a nós há dois anos. Ele prometeu que, quando o tempo chegar, ajudará a reavivar o verdadeiro Budismo na Terra.

E agora Ele começou a abrir para nós ligeiramente as Suas ideias.

Ele conduziu-nos a um dos Seus sítios favoritos na floresta, que já tínhamos visitado antes. Aqui, Ele é visto como a Transparência Dissolvente.

Avalokiteshvara mostrou-nos a Sua Aparência: olhos brilhantes com a mais profunda Ternura… Eles atraem para as Suas Profundezas, mergulhando a pessoa na Calma Primordial Infinita… O Seu sorriso, tocando levemente os Seus lábios, brilha a partir das Profundezas. É interno, não externo…

Depois de nos mostrar a Sua Aparência, Avalokiteshvara dissolve novamente os Seus limites visíveis. Apenas a sensação clara da Sua Presença e o Seu Toque Abençoador permanecem… O Seu Carinho – suave e gentil – abraça e acaricia-nos de todos os lados… É semelhante a uma brisa suave no calor, ou ao calor do sol matinal, ou a uma calma e simétrica chama de uma fogueira que já ardeu por muito tempo… E, por todo o lado nas Suas Profundezas, está a Paz Transparente total da União completa em Um com a Consciência Primordial de todo o universo…

Quando já nos tínhamos unido com Ele na Sua Transparência, Ele começou a dizer:

— Quão simples é viver, seguindo o Caminho da paz interior e cumprindo apenas Boas acções!

O verdadeiro Budismo é trazer pureza, calma e paz dentro de si mesmo.

A palavra shanti é muito mais compreensiva, comparando com as palavras paz e tranquilidade. Ao contrário destas palavras, shanti não significa nem ociosidade, nem letargia, nem preguiça, nem perda de tempo.

Reestruturar a vida para permanecer no êxtase do sattva é o trabalho da transformação tanto de nós próprios como do mundo à nossa volta. Mas esta transformação não é levada a cabo através da luta contra o mundo para o mudar para como “eu quero” – e sim através da mudança de nós próprios de tal maneira que muitas pessoas à nossa volta também desejem permanecer na mesma harmonia. Isso é não-violência.

A inofensividade consciente (ahimsa*) e a oferenda de amor, harmonia e paz são importantes para começar a jornada espiritual da alma. Para além disto, também devemos atingir a pureza tanto em objectivos como ideais, pensamentos e estados da alma.

O verdadeiro Budismo é o Caminho da justiça e compaixão, amor-bondade, silêncio e paz da alma.

O Budismo ensina-nos a viver sem causar preocupações desnecessárias a quem quer que seja no universo, e em lugar disso amar e dar afecto gentil aos outros. E, ao viver desta maneira, um aprende a dissolver-se gradualmente na Vida Real, isto é, na Infinidade da Existência de Deus, a Existência do Criador de todo o “universo manifestado”. Como resultado, um desaparece enquanto “eu” individual no grandioso estado de Fusão com a Consciência Divina Primordial, sentindo-se a si mesmo como sendo só Ele. Depois vem o sentir que não há nada para além d´Ele, Aquele que vive em tudo, incluindo todos os corpos materiais. E Ele recebe em Si Mesmo todas as Consciências merecedoras no fim da da Sua longa viagem para Casa.

Este estado do “eu queimado” chama-se Nirvana. Tal Asceta torna-se Parte da Consciência Primordial e pode manifestar a Vontade do Um.

Isto é Nirvana – no qual um está completamente dissolvido em Deus. Este não tem outra vida para além da Vida de Deus!

E a Vida de Deus é uma de Amor e Carinho por todos os seres: pelo seu desenvolvimento e aperfeiçoamento.

Os Meus Ensinamentos de Bodhisattva foram exactamente estes.

Enquanto se prepara para o estado de Bodhisattva, um asceta adquire a capacidade de esperar paciente e pacificamente por aquele momento único para agir – para agir quando o universo revela o momento correcto para esta acção particular. A paciência é parte da grande Sabedoria dos Bodhisattvas.

Falarei sobre este Caminho através de parábolas curtas.

Espero que o Meu Amor, sendo expresso agora no estilo de sabedoria lacónica, ajude um grande número de pessoas que tenham a paciência para ler ou ouvir os Meus pensamentos.

Que as Minhas palavras, tal como o som de um sino no ar límpido, ajudem as almas preparadas a acordar do seu sono!

O Mestre sentava-se imóvel na posição de lótus.

Os discípulos perguntaram:

— Como consegues sentar-Te aqui e não fazer nada enquanto há tantos problemas na Terra?!

— Eu não os aumento, e isto, por si só, já é fazer muito…

E permanecendo no estado de Calma, vejo aqueles raros momentos nos quais as Minhas palavras ou acções podem trazer benefício e reduzir o sofrimento e a angústia.

E então – eu ajo.

Um dia, um homem repreendeu o Mestre:

— Tu poderias conduzir toda a humanidade à Libertação, mas apenas ensinas as pessoas a amar todos os seres e a não fazer mal. Mas isto é tão pouco! O que fazes não é mais do que uma gota no oceano!

— Sim, mas o oceano é feito de gotas! Todas as acções grandiosas começam por pequenos inícios! Para acender uma chama, é necessário primeiro fazer uma faísca…

A transformação das almas é similar: começa com esforços simples. O Grande Caminho para o Nirvana torna-se possível só após uma pequena chama de amor ser acesa no coração espiritual do buscador espiritual!

Alguém perguntou ao Mestre como conquistar a dúvida e a incerteza. O Mestre respondeu:

— Tudo aquilo que um tem pode ser usado para seu benefício ou para seu malefício.

Se não acreditas no sucesso, então não deves sequer começar a jornada! Para quê começar um caminho para o qual no fim visualizas apenas derrota?

Tão pouco deverias começar qualquer acção se a consideras insignificante. Isto é um desperdício do tempo precioso no corpo!

Mas, se não analisas criticamente a correcção dos teus próprios passos num caminho seleccionado – então é possível perderes-te tanto que serás obrigado a voltar para trás durante muito tempo. Particularmente, se não pensas sobre que bem ou mal virão ao mundo através das tuas acções, então causarás muitos problemas para os outros e para ti próprio!

A indecisão e as flutuações são inerentes a uma mente perturbada. Aprende a submergir a mente na paz do coração! Apenas no coração espiritual desenvolvido podes sentir a Verdade! Apenas nele podem os Bodhisattvas mostrar a escolha certa!

Quando aprendes a manter a tua mente no silêncio do coração espiritual, as tuas próprias análises críticas ajudar-te-ão então.

As dúvidas transformar-se-ão então na capacidade de discernir entre o bom e o mau, certo e errado. Isto ajudar-te-á a evitar erros e fortalecer a tua confiança no Caminho do Amor e Bondade!

Só o amor do coração te permitirá fazer a escolha certa em cada momento.

Todos os dias, estudantes e pessoas curiosas vinham ao Mestre e ouviam as Suas instrucções e explicações. Dia após dia, Ele não apenas lhes dava os mandamentos da bondade, compaixão e da natureza da ordem do mundo, mas também lhes ensinava a mergulhar no silêncio interior, e como dominar meditações.

Mas um dia o Mestre disse:

— Ensinei-vos tudo o que era suposto ser ensinado. Agora todos devem continuar a desenvolver-se a vocês mesmos!

— Disseste-nos tudo o que Tu Próprio sabes? Não tens nada mais a ensinar-nos? – perguntaram alguns ouvintes desapontados, que acreditavam que só por ouvir os discursos do Mestre e por estar na Sua presença se tornariam perfeitos…

E muitos destes ouvintes foram procurar outros gurus… para ouvir e ouvir as palavras de sabedoria…

Apenas alguns ficaram com o Mestre para que pudessem ajudar os Seus estudantes principiantes.

E eles, ao fazer isto, descobriram por si mesmos os passos seguintes no Caminho e receberam ajuda do Mestre.

Foram bem sucedidos!

Por muito grandiosas que sejam as capacidades de um Mestre, cada estudante deve superar o Caminho por si mesmo! E por muito grandioso que seja o Professor, Ele não tornará os discípulos Iluminados!

A tarefa do Mestre consiste apenas em especificar o Caminho e explicar como o percorrer.

Um estudante disse ao Mestre:

— Finalmente superei o orgulho!

— Isso não é verdade, meu amigo! Se isso tivesse acontecido, não Mo dirias! Antes preferirias permanecer na felicidade de existir no Fogo Divino do Nirvana – em lugar de te gabares sobre os teus sucessos!

Um homem perguntou ao Mestre sobre como não ficar triste por falhar e não ficar orgulhoso pelas suas vitórias sobre os rivais.

O Mestre disse:

— Quando te dominares a ti mesmo, já não terás quaisquer falhanços ou rivais!

Um estudante argumentava constantemente, discutindo afirmações de livros com outros estudantes – em vez de meditar.

O Mestre repreendeu-o gentilmente:

— Em vez de abrir a boca novamente, seria melhor abrir a tua mente à sabedoria, e a alma à calma interior!

A clareza de entendimento desaparece facilmente na excitação dos pensamentos. Mas, quando a mente é calma, a verdade torna-se aparente!

Não ganharás sabedoria apenas através de livros! Tens que abrir a sabedoria em ti mesmo, tornando-te uma alma que cognizou a Consciência Primordial! Só então haverá sabedoria – e esta sabedoria será tua!

Só então a sabedoria d´Aqueles que Alcançaram se tornará a tua própria sabedoria!

Eu gostaria que todos fossem dotados da sua própria sabedoria. E ninguém é capaz de te dar tal sabedoria; deve ser alcançada através dos teus próprios esforços!

Alguns estudantes queriam obter previsões do Mestre sobre o futuro. Também lhe pediram que lhes contasse sobre as suas vidas passadas. Ele respondeu:

— Quem quer que, numa agitação constante, está demasiado preocupado com o seu próprio futuro ou se preocupa com o seu próprio passado, perde o presente!

E seria correcto aprender a viver no verdadeiro presente, isto é, na verdadeira Existência Divina!

Os eventos vão e vêm…

O passado e o futuro estão ligados através de cada momento do agora.

Que a vida humana, em cada momento, em cada momento do agora, seja preenchida com paz, amor, ternura e beleza!

Isto tornará cada novo momento ainda mais belo e saturado de verdadeira felicidade!

Isto é vida na crista da onda do Oceano da Consciência Divina. Ou, o mergulhar nas Profundezas da Sua Infinidade!

Certa vez, o Mestre e os Seus discípulos estavam nas montanhas. Um estudante usou o seu pé para empurrar uma pequena pedra pela beira de um precipício – para ver como cairia ao fundo… A pedra, colidindo com outras pedras, causou um deslizamento de rochas. O rugido ouviu-se a uma grande distância.

O desencorajado estudante olhou com culpa para o Mestre.

— Porque é que quebraste a paz e tranquilidade?

— Não queria fazer isso… Peço perdão! Eu… só por curiosidade… queria ver quão fundo era…

— Bem, que isto seja um exemplo para todos: mesmo uma pequena acção vazia de boas qualidades e que perturba a paz pode levar a grandes consequências.

Uma pequena pedra atirada para o abismo – pode provocar um deslizamento de rochas nas montanhas.

Uma pequena querela entre duas pessoas – pode escalar para ódio e torná-las inimigas para a vida.

A vingança de algumas pessoas sobre outras – pode crescer até enormes guerras sangrentas entre nações.

Como uma avalanche, os efeitos de qualquer acção podem amplificar-se. Portanto, nunca quebrem a calma, paz e harmonia em vão!

Nunca deves atirar uma pedra sem considerar as consequências de tal acção!

E depois de ter visto as possíveis consequências que até pequenos erros podem ter, aprendam a não cometer grandes erros!

Um estudante iniciante do Mestre tinha uma má qualidade: apontava sempre aos outros as suas falhas. Discursava e repreendia os outros, nem sequer reparando que ninguém queria ouvi-lo! Através das suas “homilias” causava irritação e ressentimento entre as pessoas sobre as quais frequentemente vertia as suas edificações. Mas ele próprio considerava isto uma das suas virtudes, pensando que através disto estava a ajudar os outros…

O Mestre esperava por uma oportunidade para ajudar o estudante a ver este problema.

Certa vez, uma mosca irritante zumbia e voava à volta do seu pupilo, enquanto ele apanhava bagas para compota. A mosca pousava nas suas mãos e cara… Ele não conseguia ver-se livre da sua presença irritante!

O Mestre reparou quanto isto irritava o estudante e disse:

— Devias permanecer calmo, meu amigo|

— Mas que devo fazer? Estou tão frustrado! Até quero matá-la!

— Não te apresses: Deus está a ensinar-te uma lição através desta irritação. Aponta para um problema em ti mesmo.

— Que problema?

— Tu já ouviste o ditado “Quando apontas o dedo ao defeito de alguém, os outros dedos ficam a apontar para ti”!

Tu próprio repreendes frequentemente os outros sobre as suas imperfeições, de uma maneira muito fora de lugar! Os teus comentários são intrusivos e não são benéficos porque são feitos no momento errado! É sempre melhor, quando vês o defeito em outrem, virar o teu olhar crítico para as tuas falhas semelhantes! Transforma-te a ti próprio, e depois outras pessoas quererão seguir o teu exemplo!

Quando o estudante entendeu o Mestre, um pequeno pássaro apanhou a mosca com agilidade. Um piar harmonioso encheu o espaço…

Certa vez, um discípulo perguntou ao Mestre:

— Como posso aprender a arte de conversar correctamente?

— Lembra-te de duas regras simples:

Ouvir cuidadosamente – isto significa manifestar amor para com a outra pessoa!

E falar, certificando-te de que és entendido – isto é a manifestação de preocupação para com o teu interlocutor!

Uma pessoa com excesso de peso perguntou certa vez ao Mestre:

— Como posso lidar com o desejo constante de comer? Forço-me a fazer jejum – mas depois percebo novamente que só penso sobre comida… Os meus pensamentos são consumidos apenas por desejos relacionados com comida! Estou tão cansado de lutar contra o meu vício!

— Isso é muito fácil! Simplesmente vira a tua atenção para o cuidar dos outros!

Um dia, perguntaram ao Mestre:

— Porque é que já passou tanto tempo desde que Shakyamuni Buda proclamou às pessoas os Ensinamentos sobre a Verdade, sobre alcançar o Nirvana, e sobre o estado do Buda, e ainda assim as vidas das pessoas continuam cheias de miséria e tristeza?

O Mestre respondeu:

— Se perguntares às pessoas se querem livrar-se do sofrimento, elas responderão “sim”. Mas depois devemos perguntar porque não cumprem então os Seus Ensinamentos nas suas vidas.

Um homem achava que tinha dominado a não-acção. Para isto, ele tentava não fazer nada, acreditando que isto era a manifestação mais alta de espiritualidade...

Um dia, veio ao Mestre e esperava ouvir elogios pelo seu progresso.

Mas o Mestre disse-lhe:

— Aqueles que esperam que a perfeição venham por si própria, sem fazerem os seus próprios enormes esforços, estão errados!

A não-acção não é ociosidade|

A meditação é, nomeadamente, trabalho – o trabalho da alma, consciência!

Nem sequer começaste a tua purificação ética, mas já esperas receber elogios!

Aquele que preguiçosamente se deita e olha para os outros que percorrem o Caminho não é igual àqueles que persistentemente vão em direcção à sua Meta!



Índice

Parábola sobre a Paciência

O Mestre sentava-se imóvel na posição de lótus.

Os discípulos perguntaram:

— Como consegues sentar-Te aqui e não fazer nada enquanto há tantos problemas na Terra?!

— Eu não os aumento, e isto, por si só, já é fazer muito…

E permanecendo no estado de Calma, vejo aqueles raros momentos nos quais as Minhas palavras ou acções podem trazer benefício e reduzir o sofrimento e a angústia.

E então – eu ajo.

Parábola sobre o pequeno e o grande

Um dia, um homem repreendeu o Mestre:

— Tu poderias conduzir toda a humanidade à Libertação, mas apenas ensinas as pessoas a amar todos os seres e a não fazer mal. Mas isto é tão pouco! O que fazes não é mais do que uma gota no oceano!

— Sim, mas o oceano é feito de gotas! Todas as acções grandiosas começam por pequenos inícios! Para acender uma chama, é necessário primeiro fazer uma faísca…

A transformação das almas é similar: começa com esforços simples. O Grande Caminho para o Nirvana torna-se possível só após uma pequena chama de amor ser acesa no coração espiritual do buscador espiritual!

Parábola sobre dúvidas

Alguém perguntou ao Mestre como conquistar a dúvida e a incerteza. O Mestre respondeu:

— Tudo aquilo que um tem pode ser usado para seu benefício ou para seu malefício.

Se não acreditas no sucesso, então não deves sequer começar a jornada! Para quê começar um caminho para o qual no fim visualizas apenas derrota?

Tão pouco deverias começar qualquer acção se a consideras insignificante. Isto é um desperdício do tempo precioso no corpo!

Mas, se não analisas criticamente a correcção dos teus próprios passos num caminho seleccionado – então é possível perderes-te tanto que serás obrigado a voltar para trás durante muito tempo. Particularmente, se não pensas sobre que bem ou mal virão ao mundo através das tuas acções, então causarás muitos problemas para os outros e para ti próprio!

A indecisão e as flutuações são inerentes a uma mente perturbada. Aprende a submergir a mente na paz do coração! Apenas no coração espiritual desenvolvido podes sentir a Verdade! Apenas nele podem os Bodhisattvas mostrar a escolha certa!

Quando aprendes a manter a tua mente no silêncio do coração espiritual, as tuas próprias análises críticas ajudar-te-ão então.

As dúvidas transformar-se-ão então na capacidade de discernir entre o bom e o mau, certo e errado. Isto ajudar-te-á a evitar erros e fortalecer a tua confiança no Caminho do Amor e Bondade!

Só o amor do coração te permitirá fazer a escolha certa em cada momento.

Parábola sobre a ajuda do Mestre

Todos os dias, estudantes e pessoas curiosas vinham ao Mestre e ouviam as Suas instrucções e explicações. Dia após dia, Ele não apenas lhes dava os mandamentos da bondade, compaixão e da natureza da ordem do mundo, mas também lhes ensinava a mergulhar no silêncio interior, e como dominar meditações.

Mas um dia o Mestre disse:

— Ensinei-vos tudo o que era suposto ser ensinado. Agora todos devem continuar a desenvolver-se a vocês mesmos!

— Disseste-nos tudo o que Tu Próprio sabes? Não tens nada mais a ensinar-nos? – perguntaram alguns ouvintes desapontados, que acreditavam que só por ouvir os discursos do Mestre e por estar na Sua presença se tornariam perfeitos…

E muitos destes ouvintes foram procurar outros gurus… para ouvir e ouvir as palavras de sabedoria…

Apenas alguns ficaram com o Mestre para que pudessem ajudar os Seus estudantes principiantes.

E eles, ao fazer isto, descobriram por si mesmos os passos seguintes no Caminho e receberam ajuda do Mestre.

Foram bem sucedidos!

Por muito grandiosas que sejam as capacidades de um Mestre, cada estudante deve superar o Caminho por si mesmo! E por muito grandioso que seja o Professor, Ele não tornará os discípulos Iluminados!

A tarefa do Mestre consiste apenas em especificar o Caminho e explicar como o percorrer.

Parábola sobre a presunção

Um estudante disse ao Mestre:

— Finalmente superei o orgulho!

— Isso não é verdade, meu amigo! Se isso tivesse acontecido, não Mo dirias! Antes preferirias permanecer na felicidade de existir no Fogo Divino do Nirvana – em lugar de te gabares sobre os teus sucessos!

Parábola sobre vitórias e derrotas

Um homem perguntou ao Mestre sobre como não ficar triste por falhar e não ficar orgulhoso pelas suas vitórias sobre os rivais.

O Mestre disse:

— Quando te dominares a ti mesmo, já não terás quaisquer falhanços ou rivais!

Parábola sobre a sabedoria

Um estudante argumentava constantemente, discutindo afirmações de livros com outros estudantes – em vez de meditar.

O Mestre repreendeu-o gentilmente:

— Em vez de abrir a boca novamente, seria melhor abrir a tua mente à sabedoria, e a alma à calma interior!

A clareza de entendimento desaparece facilmente na excitação dos pensamentos. Mas, quando a mente é calma, a verdade torna-se aparente!

Não ganharás sabedoria apenas através de livros! Tens que abrir a sabedoria em ti mesmo, tornando-te uma alma que cognizou a Consciência Primordial! Só então haverá sabedoria – e esta sabedoria será tua!

Só então a sabedoria d´Aqueles que Alcançaram se tornará a tua própria sabedoria!

Eu gostaria que todos fossem dotados da sua própria sabedoria. E ninguém é capaz de te dar tal sabedoria; deve ser alcançada através dos teus próprios esforços!

Parábola sobre o passado, presente e futuro

Alguns estudantes queriam obter previsões do Mestre sobre o futuro. Também lhe pediram que lhes contasse sobre as suas vidas passadas. Ele respondeu:

— Quem quer que, numa agitação constante, está demasiado preocupado com o seu próprio futuro ou se preocupa com o seu próprio passado, perde o presente!

E seria correcto aprender a viver no verdadeiro presente, isto é, na verdadeira Existência Divina!

Os eventos vão e vêm…

O passado e o futuro estão ligados através de cada momento do agora.

Que a vida humana, em cada momento, em cada momento do agora, seja preenchida com paz, amor, ternura e beleza!

Isto tornará cada novo momento ainda mais belo e saturado de verdadeira felicidade!

Isto é vida na crista da onda do Oceano da Consciência Divina. Ou, o mergulhar nas Profundezas da Sua Infinidade!

Parábola sobre a rocha e a avalanche

Certa vez, o Mestre e os Seus discípulos estavam nas montanhas. Um estudante usou o seu pé para empurrar uma pequena pedra pela beira de um precipício – para ver como cairia ao fundo… A pedra, colidindo com outras pedras, causou um deslizamento de rochas. O rugido ouviu-se a uma grande distância.

O desencorajado estudante olhou com culpa para o Mestre.

— Porque é que quebraste a paz e tranquilidade?

— Não queria fazer isso… Peço perdão! Eu… só por curiosidade… queria ver quão fundo era…

— Bem, que isto seja um exemplo para todos: mesmo uma pequena acção vazia de boas qualidades e que perturba a paz pode levar a grandes consequências.

Uma pequena pedra atirada para o abismo – pode provocar um deslizamento de rochas nas montanhas.

Uma pequena querela entre duas pessoas – pode escalar para ódio e torná-las inimigas para a vida.

A vingança de algumas pessoas sobre outras – pode crescer até enormes guerras sangrentas entre nações.

Como uma avalanche, os efeitos de qualquer acção podem amplificar-se. Portanto, nunca quebrem a calma, paz e harmonia em vão!

Nunca deves atirar uma pedra sem considerar as consequências de tal acção!

E depois de ter visto as possíveis consequências que até pequenos erros podem ter, aprendam a não cometer grandes erros!

Parábola sobre incomodar os outros

Um estudante iniciante do Mestre tinha uma má qualidade: apontava sempre aos outros as suas falhas. Discursava e repreendia os outros, nem sequer reparando que ninguém queria ouvi-lo! Através das suas “homilias” causava irritação e ressentimento entre as pessoas sobre as quais frequentemente vertia as suas edificações. Mas ele próprio considerava isto uma das suas virtudes, pensando que através disto estava a ajudar os outros…

O Mestre esperava por uma oportunidade para ajudar o estudante a ver este problema.

Certa vez, uma mosca irritante zumbia e voava à volta do seu pupilo, enquanto ele apanhava bagas para compota. A mosca pousava nas suas mãos e cara… Ele não conseguia ver-se livre da sua presença irritante!

O Mestre reparou quanto isto irritava o estudante e disse:

— Devias permanecer calmo, meu amigo|

— Mas que devo fazer? Estou tão frustrado! Até quero matá-la!

— Não te apresses: Deus está a ensinar-te uma lição através desta irritação. Aponta para um problema em ti mesmo.

— Que problema?

— Tu já ouviste o ditado “Quando apontas o dedo ao defeito de alguém, os outros dedos ficam a apontar para ti”!

Tu próprio repreendes frequentemente os outros sobre as suas imperfeições, de uma maneira muito fora de lugar! Os teus comentários são intrusivos e não são benéficos porque são feitos no momento errado! É sempre melhor, quando vês o defeito em outrem, virar o teu olhar crítico para as tuas falhas semelhantes! Transforma-te a ti próprio, e depois outras pessoas quererão seguir o teu exemplo!

Quando o estudante entendeu o Mestre, um pequeno pássaro apanhou a mosca com agilidade. Um piar harmonioso encheu o espaço…

Parábola sobre a capacidade de ouvir e falar

Certa vez, um discípulo perguntou ao Mestre:

— Como posso aprender a arte de conversar correctamente?

— Lembra-te de duas regras simples:

Ouvir cuidadosamente – isto significa manifestar amor para com a outra pessoa!

E falar, certificando-te de que és entendido – isto é a manifestação de preocupação para com o teu interlocutor!

Parábola sobre como perder peso

Uma pessoa com excesso de peso perguntou certa vez ao Mestre:

— Como posso lidar com o desejo constante de comer? Forço-me a fazer jejum – mas depois percebo novamente que só penso sobre comida… Os meus pensamentos são consumidos apenas por desejos relacionados com comida! Estou tão cansado de lutar contra o meu vício!

— Isso é muito fácil! Simplesmente vira a tua atenção para o cuidar dos outros!

Parábola sobre os sofrimentos da humanidade

Um dia, perguntaram ao Mestre:

— Porque é que já passou tanto tempo desde que Shakyamuni Buda proclamou às pessoas os Ensinamentos sobre a Verdade, sobre alcançar o Nirvana, e sobre o estado do Buda, e ainda assim as vidas das pessoas continuam cheias de miséria e tristeza?

O Mestre respondeu:

— Se perguntares às pessoas se querem livrar-se do sofrimento, elas responderão “sim”. Mas depois devemos perguntar porque não cumprem então os Seus Ensinamentos nas suas vidas.

Parábola sobre a não-acção

Um homem achava que tinha dominado a não-acção. Para isto, ele tentava não fazer nada, acreditando que isto era a manifestação mais alta de espiritualidade...

Um dia, veio ao Mestre e esperava ouvir elogios pelo seu progresso.

Mas o Mestre disse-lhe:

— Aqueles que esperam que a perfeição venham por si própria, sem fazerem os seus próprios enormes esforços, estão errados!

A não-acção não é ociosidade|

A meditação é, nomeadamente, trabalho – o trabalho da alma, consciência!

Nem sequer começaste a tua purificação ética, mas já esperas receber elogios!

Aquele que preguiçosamente se deita e olha para os outros que percorrem o Caminho não é igual àqueles que persistentemente vão em direcção à sua Meta!



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