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Conhecimento contemporâneo sobre Deus, sobre a evolução e o significado da vida humana.
Metodologia de desenvolvimento espiritual.

 
 Lao Tsé Tao Te Ching
 

Lao Tsé
Tao Te Ching

Edição de Vladimir Antonov

Traduzido do espanhol para o português
por Telma Sales

 

© Antonov V.V., 2010.


 

O livro “Tao Te Ching” (Livro sobre Tao e Te) foi escrito faz aproximadamente 2500 anos por um grande adepto espiritual chinês chamado Lao Tse. Naquela encarnação, Lao Tse foi um discípulo do Mestre não encarnado Juang Di* e recebeu a auto-realização plena.

Na atualidade, Lao Tse proporciona ajuda espiritual as pessoas encarnadas.

Essa versão de Tao Te Ching foi realizada a pedido pessoal de Lao Tse e com Sua ajuda direta*.

O livro “Tao Te Ching” é um dos manuais fundamentais da filosofia e metodologia do desenvolvimento pessoal.

 


 

Não se pode conhecer o Tao* somente falando Dele.

Não se pode denominar com um nome humano esta Origem do céu e da terra Ele Que é a Mãe de tudo.

Só aquele que é livre das paixões “terrenas”, pode vê-Lo.

Mas aquele que tem estas paixões, pode ver só Sua Criação.

Por outra parte, ainda que chamados por diferentes nomes*, Tao e Sua Criação em essência são Um. Ambos são sagrados. E a passagem que existe de um ao outro é a porta a todo o verdadeiramente milagroso.

Quando as pessoas saibam o que é belo, chegará também à noção do disforme.

Quando saibam o que é bom, aparecerá também a noção do mal.

Desta maneira, existência e inexistência, o difícil e o fácil, o grande e o pequeno, o alto e o baixo permitem conhecer mutuamente um e outro.

Os sons diferentes, unindo-se, criam a harmonia. Assim, o antecedente e o posterior seguem um atrás do outro em harmonia.

O sábio prefere a não ação* e permanece em silêncio*. Tudo passa ao redor dele como por si mesmo. Ele não se prende a nada na Terra. Ele não se apropria de nada feito por ele. Havendo criado algo, não está orgulhoso disto.

E porque não se exalta, não alardeia e não requer o respeito especial dos outros, se torna agradável a todos.

3. Se não se exalta os escolhidos, não haverá inveja entre as pessoas. Se não se ajuntam tesouros materiais, não haverá ladrões. Em outras palavras, se não ostentam os objetos das paixões, não haverá tentações.

O governante sábio não cria tais tentações para o povo, mas se preocupa que estejam satisfeitas. Isto elimina as paixões e fortalece a saúde dos súditos. Um governante sábio sempre se esforça para que as pessoas não tenham tentações e paixões, e para que as pessoas, profundamente viciosas, não se atrevam a atuar.

A ausência de tudo isto traz tranqüilidade.

4. Tao tem aparência como à vacuidade. Mas é imponente!

Está na Profundidade*.

É a Origem de tudo.

Controla tudo.

Satura tudo.

É a Luz Brilhante.

É o Sutilíssimo!

É a essência de tudo!

Não se pode descrever Sua origem, pois Ele Mesmo é Primordial.

5. A matéria — seja ela no céu ou na terra — é desapaixonada a todas as criaturas, sejam plantas, animais ou pessoas, ainda que seja o suporte para todos.

Da mesma maneira, o sábio é desapaixonado aos demais.

O espaço sobre a terra está vazio e livre, assim como o espaço dentro de um fole ou uma flauta. E enquanto houver mais espaço para atividade, mais eficaz esta atividade pode ser.

O que interfere em assuntos alheios e fala demasiado, é insuportável para as pessoas.

Por conseguinte, é melhor seguir sempre o princípio de não intervenção e manter a tranqüilidade.

6. A vida e o desenvolvimento do Sutilíssimo* são eternos e infinitos.

Ele é o Fundamento Profundo de todo o resto.

Ele é o sobre O Que o mundo material existe.

E Ele atua sem recorrer à violência.

7. O céu e a terra são duradouros. Eles são duradouros, porque existem não por eles mesmos e não para eles mesmos. Eles foram criados por Tao e existem para Ele.

O sábio se põe atrás dos outros, e graças a isso, não estorva as outras pessoas e pode levá-las atrás de si. Ele não estima a vida de seu corpo, mas sua vida está cuidada pelo Tao.

Isto acontece porque ele existe aqui não para ele mesmo.

Precisamente por isso, suas necessidades pessoais se cumprem para ele.

O sábio vive para o Tao e serve a Ele.

8. O sábio vive como a água. A água serve a todos os seres e não exige nada para si mesma. Ela permanece mais abaixo que todos. Nisso, é semelhante ao Tao.

A vida deve seguir o princípio de naturalidade.

Segue o caminho do coração! É amigável!

Diz só a verdade!

Dirige, observando o princípio de manter tranqüilidade!

Cada ação deve ser viável e oportuna.

O que não almeja estar à frente dos outros, pode evitar muitos erros.

9. Não há que derramar água em um vaso cheio. E não tem nenhum sentido afiar a lâmina de uma faca demasiadamente. Ou se a sala inteira está coberta com ouro e jaspe, ¿quem poderá guardá-la?

O excesso em tudo causa a desgraça.

Quando o trabalho é terminado, o homem deve se afastar.

Tais são as leis de harmonia, sugeridas pelo Tao.

10. Para manter a tranqüilidade, terá que sentir a Unidade com Tudo*. Então, não podem aparecer os desejos egocêntricos falsos.

Terá que refinar a consciência. Que o homem se assemelhe assim, a um bebe recém nascido. Se ele se faz sutil assim, não vai ter erros*.

Terá que governar ao país e as pessoas com amor e sem violência.

As portas desde o mundo material até o mundo oculto se abrem com a observância da tranqüilidade. A compreensão dessa verdade surge com a não ação.

Educar sem violência, fazer sem possuir o que se fez, criar sem apropriar-se do que criou, sendo o maior entre os demais, não mandar! Eis aqui a verdadeira retidão do Grande Te!*

11. Trinta raios se unem em uma roda. Mas o funcionamento da roda depende do espaço entre os raios.

Os vasos são feitos de argila. Mas seu uso também depende do espaço vazio dentro deles.

Fazem-se as paredes, as portas e as janelas nos edifícios. Mas o uso destes também depende do espaço nele.

Desta maneira, se vinculam o uso dos objetos com o espaço vazio.

12. Aquele que vê só cinco cores no mundo, assemelha-se ao cego.

Aquele que ouve só os sons do mundo material, assemelha-se ao surdo.

Aquele que, comendo, sente só o sabor da comida material, equivoca-se.

Aquele que, obsedado pelas ganâncias, corre a toda pressa, é demente.

Conseguindo tesouros e adornos, atuas em teu detrimento.

Os esforços do sábio se dirigem a ter satisfeita a vida, e não ter muitas coisas. E ele, contentando-se com pouco no mundo material, escolhe o Primordial.

13. A glória e a desonra são igualmente horríveis. A fama é uma grande desgraça na vida.

O que significa: “glória e desonra são igualmente horríveis”? Significa que as pessoas, arriscando, lutam pela glória e depois temem perde-la.

O que significa: “a fama é uma grande desgraça na vida”? Significa que eu tenho uma grande desgraça porque tenho meu nome em alta conta.

Quando eu deixei de ter em alta conta meu nome, não terei muitas desgraças.

Por isso, o sábio nunca aspira a exaltar a si mesmo. Ele só serve abnegadamente ás pessoas. Por conseguinte, pode viver entre elas em paz. Ele não luta com ninguém por nada, pelo que é invulnerável.

14. Se olha o Tao, não O nota em seguida. Por isso, O chamam: visível com dificuldade.

Se O escutam, não O ouvem imediatamente. Por isso O chamam: audível com dificuldade.

Se intentas pegar-Lhe, não é fácil de alcançar-Lhe. Por isso o chamam: difícil de apanhar.

Nele estão todos Os Que são admiráveis*! Todos Eles estão unidos no Tao e no Uno.

Tao é igual em baixo e em cima.

Tao — sendo infinito no tamanho — não se pode chamar pelo nome de alguém concreto Deles.

Eles emanam do Tao, manifestando Cada Um Sua individualidade e depois de novo voltam a Ele, ao estado sem manifestação individual.

Tao não tem imagem corporal e rosto. Por conseguinte, diz-se que Ele é um tanto oculto e misterioso.

Ao encontrar-me com o Tao, não vejo Seu rosto; sigo atrás Dele, e não vejo Suas costas.

Seguindo estritamente o caminho perpetuo da transfiguração de si mesmo, como uma consciência, se pode conhecer a Origem Eterna. Esse é o Caminho ao Tao.

15. Desde o tempo imemorial, aqueles que eram aptos para a iluminação espiritual, conheciam os escalões pequenos e grandes, ocultos e difíceis deste Caminho.

Era difícil reconhecer tais buscadores. Permita-me só em termos gerais descrever a sua imagem. Eles eram cautelosos como se cruzassem uma correnteza no inverno; eram circunspectos, porque se precaviam de estranhos; estavam sempre alerta, porque souberam o caráter temporal de sua existência na Terra; eram vigilantes como se caminhassem em cima do gelo que derrete; eram simples e não refinados, eram imensos como um vale; eram inacessíveis para os olhos ociosos.

Estes foram aqueles que, mantendo a tranqüilidade, podiam transformar o sujo em o puro.

Estes foram aqueles que contribuíram para a evolução da Vida.

Eles veneravam ao Tao e estavam satisfeitos com pouco no mundo da matéria. Sem desejar muito, limitaram o que tinham e não buscaram mais.

16. Levo a vacuidade* em mim até o fim e ganho a tranqüilidade completa! Que tudo à volta se mova por si mesmo. Que todos à volta floresçam espiritualmente e adiantem na cognição de sua verdadeira Essência*.

Os que chegam ao conhecimento de sua verdadeira Essência, ganham a tranqüilidade completa. Isso é alcançar a Morada comum* de Todos Aqueles que a ganharam.

A Permanência nesta Morada deve chegar a ser constante. O que tenha ganhado esta constância, se chama Iluminado, Perfeito, Conhecedor da Sabedoria Suprema.

Aqueles Que tenham ganhado esta Morada, representam ao Unido “Nós”, o Governante Supremo. Esta Morada se chama também Céu*. Esta é a Morada do Tao Eterno.

Tao é incorpóreo. Ele não pode ser “agarrado” por ninguém. E assim, é invulnerável.

17. O Governante Supremo concede a possibilidade de desenvolver a consciência de todos Seus súditos. Mas Ele não aspira a beneficiar ou premiar a eles com o “terrestre”. Ele tampouco aspira a infundir nas pessoas o medo e temor a Ele Mesmo.

O que só tolamente crê, não sabe sobre isto. Mas O Que tenha conhecido a Ele, já não crê tolamente.

Oh, que profunda esta verdade!

Obtendo o êxito, sigo adiante, e ainda um maior entendimento de Tudo se revela para mim.

18. Se no país tenham negado o Grande Tao, começam-se conversas sobre o “humanismo” e a “justiça”. Mas em tal situação, essas conversas são nada mais que hipocrisia!

Semelhante a isto, quando há discórdias em família, aparecem às demandas de “respeito filial” e de “amor paternal”.

E quando no estado inteiro há tal desordem, aparecem os lemas de “patriotismo” e de “amor à pátria”.

19. Quando tal falsidade e hipocrisia forem eliminadas, o povo será cem vezes mais feliz. A falsidade, a sede pelas ganâncias, o roubo, a crueldade feita aos seres viventes, tudo isto desaparecerá quando as pessoas possuam o conhecimento verdadeiro. Pois, os vícios humanos são todos por falta de conhecimento.

Precisamente o conhecimento mostrará as pessoas que para seu benefício é melhor ser simples e bondosas, moderar seus próprios desejos “terrenos” e liberar-se das paixões perniciosas.

20. Deixa de manter a fidelidade às coisas, a que estás preso; e te livrarás da aflição e da comiseração de ti mesmo! Somente procedendo assim, se pode obter o Suporte verdadeiro* na vida! Acaso não vale a pena rechaçar as esperanças e hábitos geralmente aceitos do povo para cumprir esse propósito?

Que grande é a diferença entre o bem e o mal!

Não faças o que é indesejável para o outro! Só com este princípio se pode reduzir o caos e estabelecer a ordem na sociedade.

Mas enquanto todas as pessoas se entregam à vaidade. E o caos está se apoderando da sociedade. Só eu estou tranqüilo e não me exibo a atenção de todo mundo. Sou semelhante a uma criança que não nasceu neste mundo de vaidade.

Todas as pessoas estão cativadas pelos desejos mundanos. Somente eu me neguei a tudo que eles valorizam. Sou indiferente a isso.

Todas as pessoas vivem em seu egocentrismo. E somente eu escolhi livrar-me dele.

Estou fluindo como uma corrente da Consciência na Vastidão e não sei quando me deterei.

Eu — em meu coração — estou conhecendo o Tao! Oh! Ele é tão sutil!

Eu o diferencio dos demais porque valorizo Aquele Que criou todas as nossas vidas.

21. “Te” emana do Tao. E o Tao mora na Profundidade Primordial.

“Te” é o que atua e move. É tão misterioso e escondido como o Tao. Mas também existe verdadeiramente!

“Te” pode ter forma.

E possui o poder. Seu poder supera tudo que existe no mundo.

Pode-se ver ao Te. Desde os tempos remotos até o presente, não se cala a voz do Te, Que mostra a Vontade do Criador do mundo material inteiro.

Aonde posso ver o semblante do Te? Por todas as partes!

22. Contentando-te com pouco, ganharás muito. Perseguindo o muito te desviarás do caminho. O sábio atende esse preceito. Que este preceito persuada ao mundo inteiro!

O sábio crê não somente no que vê com seus olhos carnais, e por isso, ele vê claro.

O sábio não se considera como o único que tem razão, e assim sabe a verdade.

Ele não anseia a fama, mas as pessoas lhe veneram.

Ele não busca a autoridade, mas as pessoas lhe seguem.

Ele não luta com ninguém, e por isso, é invencível.

Ele não sente pena de si mesmo, e por isso, pode aperfeiçoar-se com êxito.

Somente o que não aspira a estar adiante dos demais, pode viver em harmonia com todos.

O sábio se preocupa por todos, e assim se volta em exemplo para todos.

Ele é luminoso, mas não busca brilhar.

Ele não se vangloria, sem isto, é respeitado.

Ele não se ergue, por isso, sempre está muita estima.

Em tempos remotíssimos, sabiam dizer que imperfeito move-se até ser perfeito. Por acaso são palavras vazias? Não! De verdade, alcançando a Unidade, chegarás à Perfeição!

23. Fala menos e sê mais simples!

O vento forte não sopra toda manhã; a chuva intensa não dura todo o dia. De quem isso depende? Do céu e da terra.

O céu e a terra, apesar de serem grandes, não podem engendrar nada eterno, pior o homem. Por conseguinte, é melhor servir ao Tao Eterno.

Aquele que com suas obras serve o Tao, recebe o direito de ganhar a União com Ele.

Aquele que se refinou* ao estado de Te, se volta idêntico ao Te.

Aquele que se refinou ao estado de Tao, se volta idêntico ao Tao.

O que é idêntico ao Te, ganha à bem-aventurança suprema do Te.

O que é idêntico ao Tao, ganha à bem-aventurança suprema do Tao.

Mas se ele deixa de ser digno, se priva disto.

Não há razão para duvidar disso.

24. O que se põe de ponta de pé, não pode permanecer assim por muito tempo.

Aquele que marcha com passos largos, não pode caminhar por muito tempo.

Aquele que está à vista de todos, não pode manter força por muito tempo.

Aquele que se louva, não pode ganhar a glória.

Aquele que vive lamentando-se, se torna débil e não pode aperfeiçoar-se.

Aquele que é invejoso, não obterá o êxito.

Aquele que se ergue, não ganhará autoridade.

Aquele que se entrega aos excessos na comida, o que faz coisas sem sentido, o que se irrita com tudo e o que tem repugnância a tudo, não encontrará tranqüilidade.

Olhando do Tao, vê-se que tudo isso resulta dos desejos viciosos. Tudo isso é uma conduta absurda. A tais pessoas, todos viram as costas.

Mas aquele que aspira a União com o Tao, não faz assim.

25. Oh! O Que nasceu antes do céu e da terra, Que vive na tranqüilidade, Que não tem forma, Que é Mais Sutil, Unido e o Único Existente, Que reside em todas as partes, Ilimitado, Invencível, a Mãe de tudo! A Ti Te chamam Tao. Eu também Te chamo O Maior, O que é eterno em Seu desenvolvimento infinito!

O homem, a terra e o céu dependem do Tao. Mas o Tao não depende de ninguém.

26. O trabalho diligente permite ganhar a vida fácil no futuro.

Mas também sabemos que a tranqüilidade é o mais importante no movimento.

Por conseguinte, o sábio labuta todo o dia sem deixar o trabalho duro. Não obstante, fazendo isso, permanece no estado de tranqüilidade perfeita.

Ele inclusive pode viver no luxo sem ser depravado por este.

Porque então o dono de dez mil carroças, estando orgulhoso, desdenha do mundo inteiro? Pois, o desdém destrói a alma!

E a ausência de tranqüilidade leva a perda do Suporte!

27. Aquele que sabe o Caminho, sem vestígios encontra a direção correta. O que sabe falar, não comete erros. O que sabe contar, não tem falhas nas contas. O melhor depósito não tem fechadura, mas ninguém pode abri-la. Os melhores laços são aqueles que não se mantêm com nada material, mas ainda assim é impossível rompê-los.

O sábio sabe salvar as pessoas e salva-as constantemente. Ele sabe ajudar e não deixa ninguém sem ajuda, na desgraça. Assim atua a sabedoria profunda!

Ele instrui também as pessoas más, e elas, com sua ajuda, podem encontrar o Suporte.

Mas se as pessoas más não valorizam sua ajuda e não ama o Suporte, o sábio as deixa, pois não valerá a comunicação com tais pessoas.

Eis aqui o que é muito importante e profundo!

28. Valente, guarda a modéstia! E o povo te seguirá.

Para ele que se tornou um líder, que o Grande Te seja teu Guia. E sê puro, carinhoso e sutil na alma, como uma criança!

Estando no bem, não te esqueças da existência do mal! E sê um exemplo do bem para todos.

Aquele que tenha chegado a ser um exemplo para todos nisso, não difere na qualidade de alma do Grande Te. E depois se dirige à União com o Tao Eterno.

Tal pessoa, sabendo seus ganhos e méritos, se mantém no anonimato, mas com tudo isso, se torna naturalmente um líder sábio.

Terá que favorecer que precisamente uma pessoa sábia seja um líder entre as pessoas, então haverá uma ordem estável no estado.

29. Algumas pessoas têm o grande desejo de governar o mundo inteiro e aspiram a ter êxito nisso. Mas eu não vejo nenhuma possibilidade para isso! Pois o mundo é um recipiente de maravilhoso e invencível Tao! E é impossível governar a Ele!

O que, apesar de tudo, aspira a isto certamente fracassará!

Cada um tem a alternativa de opor-se ao fluxo harmonioso da existência ou segui-lo. Os primeiros se esforçaram, foram superiores as suas forças e logo choraram e se debilitaram, os últimos floresceram na harmonia, respiraram a plenos pulmões e se fortaleceram.

O sábio não aspira ao poder, à demasia, ao luxo e a prodigalidade.

30. O líder de um país, fiel ao Tao, não enviará exércitos a outro país. Isto provocaria, em primeiro lugar, sua própria desgraça*.

E ali, onde um exército tenha passado, imperará a devastação. E depois da guerra vêm os anos de fome.

Um comandante sábio não é belicoso. Um guerreiro sábio não é raivoso. O que sabe vencer, não ataca. O que vence se detém, ele não pode forçar aos inimigos vencidos. Havendo vencido não se laureia. Vence e não se sente orgulhoso. Ele não gosta de guerrear. Ele vence só porque o obrigam a isso. Ainda que ele vença não é belicoso.

Se o homem, que apenas há ganhado o florescimento, começa a adoecer e debilitar-se, é porquanto não há vivido em harmonia com Tao. A vida de tal pessoa se acaba antes do tempo devido.

31. A arma é um meio de causar aflição; esta merece ser descartada.

Portanto, aquele que segue o Tao, não a usa.

Um governador digno é condescendente. Somente para defender usa a força. Ele emprega todas as possibilidades de manter a paz.

Glorificar-se com uma vitória militar é regozijar-se com a matança das pessoas. Pode-se respeitar alguém que se alegra da matança?

O respeito leva ao bem-estar. O bem-estar contribui para o processo criativo. A violência leva à aflição.

Se assassinarem muitas pessoas, terá que padecer amargamente. O triunfo deve ser “celebrado” com a cerimônia fúnebre.

32. Tao é eterno e não tem aparência humana.

Ainda que o Tao seja um ser terno, ninguém no mundo pode submetê-lo.

Se a nobreza e os governantes do país vivessem em harmonia com Tao, o resto o povo chegaria a ser tranqüilo. Então o céu e a terra se uniriam em harmonia; a prosperidade e o bem-estar chegariam; o povo se acalmaria mesmo sem ordens.

Para estabelecer a ordem no país se criam as leis. Mas estas não devem ser demasiado rigorosas.

Tao se assemelha ao oceano. O oceano está abaixo de todos os rios, por isso, todos os rios fluem para ele.

33. O que conhece as pessoas, é razoável. O que conhece a si mesmo, é iluminado*. O que pode conquistar os inimigos, é forte. O que conquista a si mesmo*, é poderoso.

O que tem abundância material, é rico. O que atua tenazmente, é o possuidor da vontade. Mas o que consente seus caprichos, é débil e tonto.

O que tenha ganhado a União com o Tao e não a perde, terá ganhado a Existência Superior. E depois da morte do corpo, continua vivendo no Tao, torna-se verdadeiramente Imortal.

34. O Tao Eterno penetra tudo. Está presente na esquerda e na direita. Graças a Ele, todas as almas surgem e seguem desenvolvendo-se.

Ainda que o Tao seja tão grande e realiza estes atos grandes, não quer a glória para Si Mesmo.

Ele cria com amor todos os seres. Não exerce a violência sobre eles. Não insiste que as pessoas cumpram Seus desejos.

Ele é grande, ainda que não insista nisso.

As pessoas sábias aspiram a Ele, ao Grande.

35. No Grande Tao todos os Perfeitos se convergem.

Segue este caminho também! Fazendo-o, não atrairás para ti nenhum dano; ao contrário, ganharás a tranqüilidade, a harmonia e a plenitude da vida.

Pessoalmente eu, permanecendo no estado de não ação, viajo na infinidade do Tao. Isso não se comunica com palavras! O Tao é Sutilíssimo e Bem-aventuradíssimo!

36. A paixão “terrena” debilita. A resolução inquebrantável enche a pessoa de poder.

A paixão “terrena” mutila. A resolução inquebrantável eleva e fortalece a consciência.

A paixão “terrena” escraviza seu possuidor. A resolução inquebrantável o faz uma pessoa livre.

O desapaixonado, suave e flexível conquista o apaixonado, duro e grosseiro.

37. Tao não atua diretamente no mundo da matéria*. Mas, a pesar disso, a Criação inteira é uma obra de Sua arte.

Atua da mesma maneira, e então todo o vivente ao redor se desenvolverá de forma natural!

Quando vives na simplicidade e em harmonia com o Tao, sem prestar atenção aos mexericos nem as inimizades, chegas ao que se chama “não ter nenhuma atadura nem paixões”.

A ausência dos desejos mundanos leva ao estado da tranqüilidade interna, então a ordem se estabelece ao redor.

38. O Que representa ao Grande Te, não se força a fazer bons atos, pois Ele Mesmo de maneira natural é a mesma Virtuosidade.

O que está longe do Te, intenta forçar-se a fazer atos bons, pois sua essência não é a Virtuosidade.

O Que representa ao Grande Te, não aspira à atividade intensa no mundo material, pois Ele atua no estado de não ação.

O que está longe do Te, vive na agitação e atua sob as influências de suas paixões. No aspecto religioso da vida, sua atividade se reduz só aos rituais; mas ter esperança na “magia” dos rituais significa a degradação da religião. E tal pessoa obriga também aos demais a atuar como ele.

Isso se passa só com os que não têm o Tao em suas vidas. Não devem confiar neles. Eles já atraiçoaram o Tao e estão prontos para trair a qualquer um.

O sábio que tenha conhecido ao Tao, é capaz de distinguir as pessoas por essas qualidades. Ele escolhe comunicar-se só com as pessoas de bem.

39. Há Os Que estão em União com o Tao desde os tempos antigos. Graças a eles, o céu está puro e a terra sólida, a natureza é terna, e os rios são caudalosos, os vales florescem, os seres se multiplicam, os heróis do Caminho espiritual são os modelos a imitar. Isso é o que asseguram Os Que ganharam a Unidade!

Se não fosse a Sua ajuda, o céu não haveria estado puro, a terra estaria rachada pela seca, a natureza deixaria de ter sua beleza, os vales deixariam de florescer e se converteriam em desertos, os seres vivos deixariam de se multiplicar e desapareceriam, os heróis do Caminho espiritual deixariam de servir como os modelos de virtude e seriam ridicularizados e expulsos.

O povo é à base dos governantes. Por conseguinte, aqueles governantes terrenos que se erguem sobre o povo não têm uma posição firme. Isso passa, porque eles não consideram as pessoas como sua base. É seu erro.

Se desmontares a carroça em que te sentas, que te restará?

Não te consideres como o jaspe precioso! Sê simples como uma pedra comum!

40. A interação dos opostos é a esfera da atividade do Tao.

A Sutileza Suprema é uma das qualidades mais importantes do Tao. A esta se opõe as qualidades grosseiras das pessoas do mal.

Todo desenvolvimento dos seres encarnados se faz na interação dos opostos.

Mas o mundo material mesmo provindo de Origem Sutilíssimo.

41. O sábio, ao saber do Tao, anseia à auto-realização Nele.

Mas o que não é sábio, ao saber sobre o Tao, ora o guarda na sua memória, ora o perde.

Os tontos, havido ouvido sobre o Tao, O ridicularizam. E chamam Aqueles Que tenham conhecido o Tao: dementes, perdidos... A sabedoria lhes parece loucura; a justiça suprema, um vício; a impecabilidade, a depravação; a grande verdade, a mentira...

Sim, o grande quadrado não tem ângulos; o grande som não se pode ouvir; a grande imagem não se pode ver.

Sim, o Tao está oculto em seus olhos. Ele só leva a Perfeição aos que são dignos!

42. Em certo tempo Um saiu do Tao. Ele levou com Ele a Outros Dois. Aqueles Dois levaram Outros Três. E Aqueles Três começaram a criar várias formas de vida no planeta*.

Todas essas criaturas se subdividem nos pares de opostos, yin e yang, e se enchem da energia chi. Seu desenvolvimento vem de sua interação.

Todos os seres têm medo da saudade e a percebem como sofrimento. Isto preocupa inclusive aos governantes terrenos.

Tais pessoas se preocupam só consigo, negando-se a ajudar aos demais.

Não obstante, a decisão correta consiste precisamente em dedicar-se a manifestar cuidados pelos demais, esquecendo-se de si mesmo.

O guerreiro espiritual sábio, que tenha dedicado sua vida ao bem de todos, não será conquistado pela morte. E essas palavras eu prefiro mais a todos os outros preceitos de todos os sábios.

Os que tenham ganhado o Tao, se unem a Ele na Unidade.

43. No mundo ocorre que os mais débeis vencem aos mais fortes. A razão é que Te penetra tudo e controla a tudo e a todos.

Por isso, em particular, eu vejo o benefício da não ação. Não há nada no mundo que possa comparar-se com o ensinamento sobre o silêncio interno e o benefício da não ação!

44. O que é mais necessário: a vida ou a glória? O que é mais valioso: a vida ou a riqueza? O que é mais fácil de suportar: a ganância ou a perda?

Muito acumulas, muito perderás.

Conhece a medida e evitarás os fracassos. Conhece os limites e não haverá risco. Assim, passarás a vida em tranqüilidade, sem angústia!

Aquele que conhece a medida, não terá fracassos. Aquele que sabe parar no tempo devido, evitará a aflição. Graças a isso, poderá conhecer o Tao Eterno e Primordial.

45. A Maior Perfeição pode ser confundida com a loucura; um grande volume, com uma vacuidade; uma grande curva, com uma reta; uma grande graça, com uma grande bobeira, um grande orador, com aquele que não é capaz de falar.

O movimento intenso supera o frio; a imobilidade, o calor.

Só a tranqüilidade e a harmonia asseguram a compreensão correta de tudo que ocorre no mundo.

46. Se o país vive segundo as leis do Tao, os cavalos são usados para cultivar os campos.

Mas quando o Tao é renunciado em o país, então os cavalos de guerra galopam nos campos.

Não há aflição maior que as paixões “terrenas” desenfreadas! Nada destrói mais ao homem que o desejo de multiplicar tesouros “terrenos”!

Aquele que sabe contentar-se com o que tem, sempre estará feliz!

47. Sem sair de seu pátio, o sábio chega a conhecer o mundo.

Sem aparecer na janela, vê ao Tao Primordial. Ele não viaja longe para saber mais.

O sábio não viaja, mas sabe tudo; não olha, mas pode nomear tudo; em aparência está inativo, mas ganha tudo.

Ele em seu coração encontra todo o necessário*.

Por isso, o sábio conhece as coisas que não podem ser alcançadas nem caminhando, nem montando. E pode ver o que é invisível para um olho normal.

48. Aquele que está aprendendo, cada dia aumenta seus conhecimentos. Aquele que serve ao Tao, cada dia reduz seus desejos “terrenos”. Na redução constante de seus desejos “terrenos”, o homem chega a não ação.

Só no estado de não ação é possível dominar todos os mistérios do Universo! Sem não ação é impossível ganha-lo.

49. O sábio não tem motivos egoístas. Ele vive para os interesses dos demais.

Aos bons eu faço o bem, aos maus eu também lhes desejo o bem. Essa é a virtude do Te.

Com os honestos eu sou honesto, mas com os desonestos, eu também sou honesto. Esta é a honestidade do Te.

O sábio vive tranquilamente em seu país. Mas ali também vivem outras pessoas: boas e más, honestas e desonestas, razoáveis e tontas, egoístas e altruístas, as que escutam ao Tao e as que O negam.

O sábio olha ás pessoas como a seus filhos.

50. As pessoas nascem e morrem na Terra. De cada dez aproximadamente três continuam a existência paradisíaca depois; três vão ao inferno pelo caminho da morte; três são aqueles que não tiveram êxito no desenvolvimento da alma devido à paixão pelos assuntos “terrenos”.

O que tenha dominado a verdadeira vida, caminhando pela Terra, não tem medo de rinocerontes nem de tigres; e, entrando numa batalha, não tem medo dos soldados armados. O rinoceronte não terá lugar para cravar seu corno nele, o tigre não tem lugar para pôr suas garras sobre ele, os soldados não tem lugar para golpeá-lo com suas espadas. Por que é assim? Porque para ele, a morte não existe*.

51. Tao cria os seres; Te os cuida, os cria, os ajuda a se aperfeiçoarem e amadurecer, os apóia.

Estes seres, pouco a pouco, crescem como as almas, se desenvolvem e ganham a Perfeição.

Por isso, não há nenhuma pessoa que não deveria venerar ao Tao ao Te.

Tao e Te não forçam ninguém, mas dão a todos a possibilidades de desenvolver-se naturalmente segundo sua própria liberdade de eleição.

Criar sem apropriar-se do que tenha criado, fazer sem elogiar-se, sendo o maior entre outros, não mandar! Estes são os princípios da vida do Grande Te!

52. O mundo material tem sua Fonte Que é a Mãe do mundo material.

Quando a Mãe é conhecida, então será mais fácil conhecer a Seus Filhos*.

Quando os Filhos são conhecidos, não terão que esquecido a Mãe. E neste caso, passará a vida sem adversidades.

Se alguém lança fora os desejos pessoais e se livra das paixões “terrenas”, poderá viver sem cansar-se.

Ao contrário, se dá rédea solta às suas paixões e está ocupado com assuntos mundanos, não encontrará a salvação das adversidades.

Ver ao Sutilíssimo é a verdadeira claridade da visão.

A manutenção da Sutileza da consciência assegura o poder verdadeiro.

Contempla a Luz do Tao! Estuda Suas Profundidades! Ele é o Tesouro Verdadeiro! Não o percas e evitarás todas as adversidades!

53. Aquele que possui o conhecimento verdadeiro, marcha pelo Caminho Reto.

O Caminho Reto é absolutamente plano. No entanto, as pessoas preferem os caminhos tortuosos.

Se os governantes terrenos dirigem toda sua atenção ao luxo de seus palácios, os campos cobrem-se de ervas daninhas e os celeiros ficam vazios. Estes governantes terrenos se vestem em trajes luxuosos, carregam suas espadas afiadas, não se satisfazem com a comida simples, acumulam riqueza desmedida. Isso é igual a um roubo e é uma violação dos princípios do Tao.

54. No processo de conhecer a ti mesmo, conhecerás aos demais. Ajudando aos demais, conhecerás tudo.

Aquele que sabe estar de pé firmemente, não há como derribá-lo. Aquele que sabe apoiar-se, não há como derrubá-lo. Sim, dessa pessoa lembrar-se-ão seus descendentes!

Mas quando ganhares a estabilidade similar no Tao, brilharás para os demais com Sua Luz como o sol ascendente!

E preocupe-te por ajudar nisso a tua família, a outras pessoas que vivem em teu país, e logo, as que vivem por toda parte! Através disso, consegues um poder insuperável e ilimitado de consciência.

Como eu conheci tudo isso? Precisamente assim.

Aquele que vive a União com o Grande Te, é puro como um bebê recém-nascido. Os insetos venenosos não Lhe picam; as serpentes não Lhe mordem; os animais selvagens e aves de rapina não Lhe atacam. Ele é sutil na consciência e está unido firmemente com Tao.

Ele não avalia as pessoas pelo sexo ou outras qualidades exteriores, mas olha a sua essência: a alma.

Ele também percebe aos demais como as partes integrantes do Uno*, na Unidade.

E ele possui a habilidade de gerar nas pessoas o crescimento espiritual.

Ele pode pregar todo o dia, e ainda assim Sua voz permanece forte. Pois Ele está na União constante com o Tao!

Sua vida passa em felicidade!

As pessoas comuns, apenas alcançam a plenitude de suas forças, imediatamente começam a estiolar-se na senilidade. Isso acontece, porque elas não ganharam a União com o Tao.

56. Não há como transmitir a verdade somente através das palavras! Aquele que espera fazê-lo, não entende completamente do que se trata!*

Aquele Que atira fora os desejos pessoais, se livra das paixões “terrenas”, reduz Suas necessidades, ganha a compreensão clara, não aspira a fama, permanece no estado estável e sutil da consciência, com Ele Mesmo representa ao Profundíssimo Tao Primordial.

É impossível tentá-lo, ofender-lo, forçá-lo, persuadi-lo a que O elogiem. Ninguém pode danificá-lo!

Ele resplandece como o Sol! Ele é como uma fonte de que cada um pode tomar!

É esse o Tesouro Supremo entre as pessoas!

57. Do Tao emana a tranqüilidade, a harmonia e a justiça.

Mas entre as pessoas a astúcia, a avidez, o engano e a violência...

Pode-se entrar em Tao só pela não ação.

Quando as pessoas aspiram à acumulação de muitas coisas não necessárias, se empobrecem espiritualmente.

Quando se produzem armas em demasia, inevitavelmente se incrementa a bandidagem, e os motins surgem.

Quando os artesões destros dirigem todos os seus esforços a criar valor material, os fenômenos milagrosos deixam de ocorrer no país.

Quando as leis e repressões se voltam demasiado rigorosas, cresce a oposição e o número de pessoas descontentes.

Por isso, o sábio se afasta da vaidade e deixa que todos os acontecimentos ocorram sem sua participação direta.

É preciso começar as mudanças em si mesmo. Eu aspiro ao silêncio e a tranqüilidade, e os demais se tranqüilizam observando-me. Eu não desejo possuir coisas materiais, e as pessoas ao meu redor começam a se sentirem satisfeitas com pouco. Eu vivo sem ataduras “terrenas” e “paixões”, e as pessoas ao meu redor chegam à simplicidade e naturalidade da vida.

58. Quando os governantes terrenos regem em tranqüilidade e harmonia, as pessoas também estão tranqüilas e pacíficas. E elas não aspiram a nada mais fora deste bem-estar.

Ao invés, quando os governantes terrenos atuam com excitação e agressividade, as pessoas começam a sofrer. Então as desgraças e calamidades vêm em lugar do bem-estar. E as pessoas começam a pensar, a buscar a saída, e algumas a encontram, chegando a não ação e mergulhando-se na Luz do Tao Infinito. Ao final das contas, a sorte e a felicidade são as que nascem da aflição.

Como temos visto, a felicidade e a infelicidade geram uma a outra.

Mas o sábio sempre está tranqüilo, brando, carinhoso e justo. Ele não quer tomar nada dos outros. Ele é desinteressado e não faz mal a ninguém. Ele é veraz e vive em harmonia com Tao, com a natureza e com os demais.

Ele é luminoso, mas não busca brilhar.

59. Para servir o Tao com êxito, ajudando a outras pessoas, é preciso saber guardar e acumular o poder da consciência. E isso requer a abstenção de tudo que desperdiça este poder.

Tal abstinência nas etapas mais altas do Caminho pode levar ao acréscimo do próprio Poder de Te*, o qual pode chegar a ser inesgotável e pode garantir a cognição completa do Tao.

E o Tao é a Fundação Primordial Eterna e Infinita de cada homem e do mundo material inteiro. O caminho que une esta Fundação se chama a raiz.

60. A atividade do Tao e Te respeitam as numerosas almas individuais de idades diferentes, se podem comparar com o cozinhar um prato de muitos ingredientes em um caldeirão enorme.

Respeitando a maioria das pessoas, Tao e Te usam os espíritos, inclusive, os de níveis baixos de desenvolvimento, para que se cumpram os destinos que estas pessoas mereceram.

Mas aquele que acerca da qualidade da alma do Tao, sai da esfera da influência de tais espíritos.

61. O Grande Reino de Tao* está como atrás de uma desembocadura, atrás do curso inferior de um rio.

O Oceano está mais abaixo que todos os rios, e por isso, todos os rios fluem a Ele.

O Oceano permanece em tranqüilidade e paciência. Ele está esperando aqueles que se aproximem e penetrem Nele.

O Oceano é um Grande Reino. E na Terra estão os reinos pequenos compostos pelas pessoas.

O Grande Reino se preocupa com satisfazer Consigo Mesmo todos que entram Nele.

E que nos reinos pequenos os governantes se preocupem que todas as pessoas sejam satisfeitas.

Então todos receberão o que eles querem, no Grande Reino, e nos reinos pequenos.

E recordemos que o Grande sempre deve estar mais abaixo que todos.

62. Tao é a Fundação de tudo. É o Tesouro dos que aspiram a Ele. Mas Ele também reconhece a existência das pessoas do mal.

Sim, deve pregar a pureza e a conduta bondosa para com todas as pessoas. Mas acaso não necessita a sociedade das pessoas más?

Acaso não ajudam elas a conhecer a fragilidade dos bens e tesouros “terrenos”, assim como o caráter ilusório da esperança de estar sempre na terra em seu corpo atual?

Em interação com elas, acaso não fazem as pessoas de bem um esforço para transformar-se em seu Caminho ao Tao para afastar-se do mal tão longe quanto possível? Pois, para ser inalcançável pelo mal, terá que realizar ações concretas para o desenvolvimento de si mesmo com uma consciência.*

E muitas não se esforçariam por ser melhores, se não houvesse “ajuda” da parte das pessoas do mal!

Os governantes terrenos, que possuem o poder absoluto, e seus achegados, valorizam suas jóias e carruagens luxuosas. Mas na realidade, eles não são melhores que aqueles que, estando na solidão e tranqüilidade, seguem o Caminho Mais Profundo do Tao! Não seria melhor para esses governantes terrenos começar a levar uma vida tranqüila e dedicá-la também à cognição do Tao?

Admite-se que no tempo antigo as pessoas não aspiravam à riqueza terrena, e os delinqüentes não foram executados. Naquele tempo antigo, todos veneravam ao Tao.

63. Livra-te da agitação da mente e dos atos desnecessários, mantém a tranqüilidade e sê satisfeito com comida simples!

Assim começa o Caminho para a cognição de Grande Tao O Qual é o Um, Que consiste de muitas Almas Grandes.

Existem também muitas almas pequenas encarnadas nos corpos.

A pessoa sábia, que tenha conhecido isso, sabe que deve responder ao ódio com o bem.

Começa o trabalho difícil com a parte fácil. Pois, cada obra grande consiste em componentes pequenos. Assim, gradualmente, se cumpre a grande obra.

Mas se alguém promete levar a cabo a grande obra “de um golpe”, as palavras dessa pessoa não são dignas de confiança.

Não obstante, o sábio não começa em absoluto “empresas grandes” no mundo da matéria! Por conseguinte, leva a cabo as grandes obras no mundo espiritual. E não é difícil para ele.

64. É fácil ajudar aquele que tenha dominado a harmonia.

É fácil mostrar o caminho ao buscador que não o haja encontrado, todavia. Sem embargo, terás que lembrar que o débil pode cair facilmente no caminho. E aquele que é todavia uma alma pequena, escapará das dificuldades.

É mais fácil começar a construir aonde não tens que primeiro destruir as velhas ruínas. É melhor introduzir o conhecimento espiritual ali onde não tropeças com as pessoas más e tontas.

Então, uma grande árvore cresce de uma arvorezinha pequena; uma torre de nove andares começa a construir-se com um punhado de terra; uma viagem de mil léguas começa com um passo.

No mundo da matéria, os empresários se arruínam; os donos de propriedades as perdem. Por isso, o sábio não atua assim e não sofre os fracassos. Ele não tem nada, e por isso nada perde.

O sábio não vive nas paixões “terrenas”, não aspira ganhar algo material que requeira muito esforço. Ele vive na simplicidade natural e se contenta com o que rechaçam as pessoas mundanas.

Ele marcha pelo Caminho ao Tao.

65. Aquele que tenha conhecido o Tao, não se exibe diante das pessoas ignorantes. Ele também se nega a “manipular com a multidão”, por conseguinte, pode continuar seu aperfeiçoamento e ajudar os dignos.

O conhecimento secreto, superior, a respeito dos métodos do desenvolvimento da consciência, pode ser pernicioso para as pessoas que não estão preparadas para recebê-lo.

O sábio, conhecendo e atuando com esses princípios, chega a ser um exemplo a ser seguido.

Assim, atua também o Grande Te.

Para entender isto, terá que perceber que o Grande Te é o Oposto a respeito das pessoas viciosas. A respeito de tais pessoas, o Grande Te está na distância inalcançável.

Isso é O Que é o Grande Tao, Que possui o Poder Supremo e contém em Si Mesmo toda a multidão de todos os seres vivos! Ele une e separa as pessoas; controla tudo! É o Governante que merece amor e admiração muito fortes!

Aprendendo de Ele, ganharás o bem-estar superior!

66. Os grandes rios são tão poderosos porque fluem até abaixo, aos mares, reconhecendo neles mesmos a água que baixa dos arredores.

O sábio, desejando ajudar as pessoas, também deve colocar-se mais abaixo que os demais. Por conseguinte, ainda que seja superior as pessoas, não é uma carga para elas, e as pessoas não lhe causam dano. As pessoas o seguem alegremente e não voltam suas costas para ele.

Ele não compete com ninguém, e por isso é invencível.

E ele constantemente adiante mais, mas as pessoas não lhe invejam.

Ele não luta com ninguém, por isso, ninguém no mundo inteiro pode obrigá-lo a atuar contra sua vontade.

67. Tao é grande e não têm iguais ou similares a Ele!

Ele se encontra tão profundo e é tão sutil que é impossível agarrá-lo ou obrigá-lo a fazer algo!

Eu possuo três tesouros que estimo: o primeiro é o humanitarismo, o segundo é a poupança e o terceiro é que não me atrevo a estar adiante dos demais. Eu sou humanitário, por isso, posso ser valente. Sou econômico, por isso, posso ser generoso. Eu não me atrevo a estar adiante dos demais, por isso, posso ser um líder.

Aquele que é valente sem amor, generoso sem poupar, e o quer estar à frente e empurra os demais sofrerá um fracasso.

Mas aquele que está cheio de amor, lutando, ganhará a vitória. É inexpugnável, pois Tao lhe guarda constantemente.

68. Um campeão sábio não é belicoso. Um guerreiro sábio não é iracundo. O que sabe vencer, não ataca primeiro. O que sabe levar as pessoas atrás de si, não às humilha, mas se coloca em uma posição mais baixa.

Assim, são as leis de Te que renunciam a ira, a gabar-se e a violência. Assim, atuam Aqueles Que representam ao Te, guiando as pessoas para o Tao Primordial e Eterno.

69. A arte militar ensina: eu não me atrevo a começar primeiro, eu tenho que esperar. Eu não me atrevo a atacar movendo-me adiante nem sequer uma polegada, senão me retiro um pé. Isso se chama atuar sem ação, vencer sem violência. Neste caso, não haverá inimigo, e posso evitar desperdiçar o poder.

Não há desgraça pior que odiar ao inimigo! Odiar ao inimigo é o caminho que leva a perda de meu mais precioso Tao!

Assim em as batalhas vencem aqueles que as evitaram.

70. Minhas palavras são fáceis de entender e por em prática. Não obstante, muitas pessoas não podem entendê-las e não as podem por em prática.

Detrás das minhas palavras, está a Origem de tudo. Em vista de que estas pessoas não O conhecem, elas não me entendem.

Aquele que tenha conhecido o Tao, é silencioso e imperceptível, ainda que se comporte com a dignidade. Ele se veste com roupa simples e o precioso* se esconde dentro.

71. Aquele que possui conhecimento, mas que sabe guardar silêncio a respeito disso, é elevado.

E o que não tem conhecimento, mas põe cara de conhecedor, está enfermo.

Aquele que é sábio, se cura. O sábio não se enferma, porque se livra das mesmas causas das enfermidades. Ele permanece em Tao. Como pode ele adoecer neste caso?

72. Aquele que vive com medo, não pode chegar a ser forte. O poder da consciência pode ser ganho só se se vive sem medo.

Livra-te também da faculdade de depreciar os demais! Aquele que deprecia aos demais, é depreciável ante o Tao!

Livra-te da violência para com os outros! Aquele que recorre à violência, será submetido à violência.

Renuncia a tendência de enganar! Aquele que engana os outros, engana a si mesmo*.

Vive em amor!

Não desejes exibir a ti mesmo! O sábio que conhece Sua Essência Superior, não se entrega ao narcisismo e não se levanta sobre os demais.

Aquele que se livrou do egocentrismo, obtém a possibilidade de ganhar ao Tao.

73. Aqueles que são corajosos e belicosos, morrerão; e aqueles que são corajosos, mas não belicosos, viverão.

Quem sabe a razão para o ódio aos belicosos? Nem os sábios podem explicar-lo.

O Grande Tao permanece na tranqüilidade; Ele não luta com ninguém. Ele vence sem violência.

É silencioso, mas contesta as perguntas e vem aos que O chamam.

Ele – em tranqüilidade – controla tudo.

Ele escolhe as pessoas para Ele Mesmo.

74. Aquele que não tem medo da morte, não tem sentido lhe ameaçar com a morte!

Mas aquele que ameaça os demais com a morte, deleitando-se nisto, será derrotado.

O assunto da vida e da morte está abaixo da administração do Tao. Ninguém se permite administrá-lo em vez Dele. Aquele que decide fazer tal coisa, só se danará.

75. Vendo a maioria das pessoas, pode-se pensar que estão continuamente famintas. É que continuamente se preocupam por acumular e multiplicar suas reservas. E não podem deter-se nisso!

E nos assuntos, se preocupam somente por sua própria ganância, a qualquer preço!

Elas não querem entender os princípios da vida, sugeridos pelo Tao, os princípios do amor e o cuidado pelos demais e também a não ação.

Elas vivem sem olhar para o lado do Tao, ignorando ao Tao, desperdiçando sua força vital para as coisas sem valor verdadeiro. Elas têm demasiado forte “amor pela vida”, e por conseqüência, morrem muito cedo.

Mas aquele que menospreza sua vida terrena por causa do bem de todos, aumenta seu valor diante do Tao.

76. O corpo do homem, quando nasce, é terno e flexível, mas depois da morte endurece-se. Todos os seres vegetais também são ternos e flexíveis ao nascer, mas depois da morte se secam e se tornam frágeis.

Uma árvore poderosa se vence na tempestade ou é cortado pelo machado. O flexível e terno têm uma vantagem aqui.

O que é terno e flexível, marcha pelo caminho da vida. O que não é flexível e é grosseiro, marcha pelo caminho da morte.

77. Que a vida do Tao Primordial sirva como exemplo para nós.

Aquele que recorre à violência com as pessoas, as humilha e as rouba, se opõe ao Tao.

Mas aquele que nunca atua egoisticamente, ajuda com sua abundância os demais, executa façanhas não por causa de sua glória, vive em tranqüilidade sem paixões “terrenas”, se afundam na tranqüilidade terna e sutil do Tao e ajuda as pessoas dignas neste Caminho, pode chamar-se: o que está assemelhando o Tao.

78. A água é terna e branda. Mas mina e demole o duro. Em superar ao duro ela não tem iguais.

O terno e brando supera o duro e o grosseiro. Mas só os sábios entendem do que se trata.

79. Depois da grande perturbação das emoções, vêm suas conseqüências. A tranqüilidade pode chamar-se o bem.

Conseqüentemente, o sábio presta juramento de não reprovar a ninguém.

As pessoas boas vivem de acordo com esta regra. As pessoas más, não.

O Tao Primordial sempre está de parte das pessoas boas.

80. Sobre a estrutura do estado eu penso assim:

É melhor quando o país é pequeno e a povoação é pouca.

Ainda que haja muitas armas, não devem usá-las. Os navios e carros de batalha também não devem ser usados. Para os guerreiros é melhor não batalhar.

A vida das pessoas num país deve ser de tal forma que elas não desejem deixá-lo.

É bom, se todos têm comida saborosa, roupas bonitas, casas cômodas e vida alegre.

É bom ver com amor aos países vizinhos, escutar como os galos cantam e os cachorros latem ali.

É bom, que as pessoas, havendo alcançado velhice aqui, ganhem a Perfeição e se vão daqui para não voltar de novo.

81. As palavras precisas não são necessariamente elegantes. As palavras bonitas não sempre dignas de confiança.

O bondoso não necessariamente é eloqüente. O eloqüente pode ser mau.

Aquele que sabe, não discute, o que não sabe, discute.

Aquele que é sábio, não é egoísta, ele atua pelo bem dos demais.

O Grande Tao se preocupa com o bem de todos os seres vivos. Tudo o que Ele faz para os seres vivos não contém violência e não dana a ninguém.

O sábio também atua sem violência e não dana ninguém com nada.

 

 
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